Tensão e tiros na remoção dos sem-teto na tarde de hoje em Dourados

Em confronto, manifestantes fecharam rua e atearam fogo 

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Em confronto, manifestantes fecharam rua e atearam fogo 

O cenário na tarde desta segunda-feira (21) em Dourados, a 224 km da Capital, não foi dos mais agradáveis. A Guarda Municipal com o apoio da equipe da Força Tática do 3º BPM (Batalhão de Polícia Militar) de Dourados, removeu as famílias sem-teto acampadas numa área da prefeitura, localizada junto ao residencial Moradas Dourados. Os manifestantes se negaram a sair após notificação do município e houve confronto armado na ação.

Os manifestantes iniciaram ocupação da área no domingo (20). Segundo o diretor Operacional da Guarda Municipal, Tercio Carvalho, na manhã desta segunda-feira foi identificado que se tratava de um terreno da prefeitura e as famílias foram alertadas a sair do local.Por volta das 13h30, os sem teto foram notificados a deixar a área dentro do prazo de uma hora, ou seja, até às 14h30, caso contrário seria realizado o procedimento de reintegração de posse.

O diretor explicou que por se tratar de uma área do município, ou seja, um patrimônio público, não é necessária decisão judicial para reintegração, visto que é função do órgão não deixar que haja invasão a essas áreas.

Antes mesmo do fim do prazo dado pela Guarda, os manifestantes já estavam resistentes. O cortador de árvores José Anísio dos Santos, 54, indicado como representante do grupo invasor, disse antes do conflito começar que eles iriam resistir.

A reivindicação, segundo ele, é por moradia. “A maioria aqui está há muitos anos na fila de espera por uma casa [popular]. Então nós queremos casa para morar ou terreno para construir, e não precisa ser aqui, pode ser em outro lugar”, afirmou.

Choque

Como os manifestantes não saíram espontaneamente do local dentro do prazo, foi solicitado pela Guarda Municipal o apoio do 3º BPM. O confronto entre a Guarda e os sem-teto começou por volta das 15h na rua Abílio de Matos esquina com a rua Edir Ferreira, na qual os manifestantes ocupavam três terrenos.

A operação para removê-los começou com uma pá carregadeira, entrando num dos três terrenos ocupados e derrubando os barracos que lá estavam. Depois disso, o maquinário passou a retirar os barracos de um outro terreno, onde estava concentrada a maior parte dos manifestantes. Nesse ponto o conflito se acentuou.

A todo o momento, os sem-teto tacavam pedaços de pau e pedras nos guardas e policias militares que estavam na ação, porém, ninguém foi atingido. Eles ainda trancaram a rua com pedaços de madeira e galhos, e atearam fogo em barracos. Muitos dos sem-teto ainda ficavam próximos da máquina que removia os barracos.

O motorista do maquinário, Elizeu Vieira Ribeiro, chegou a parar o trabalho e informou à Guarda Municipal que só continuaria a remoção, caso não houvessem mais pessoas na área. A Guarda então montou uma barreira com escudos na rua Abílio, apoiada pela Força Tática, e chegou mais próximo aos manifestantes, dando tiros de munições não-letais.

Havia muita fumaça devido ao fogo que se alastrou pelos barracos. Mas, depois dos tiros, os sem teto saíram da área, ficando frente a frente com a Guarda Municipal na rua. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o que restava do fogo e chegou ao final da ação, por volta das 16h30.

Conforme o líder dos sem teto, quando ocuparam o local eram apenas cinco ou seis famílias, sendo que no início da tarde desta segunda-feira aumentou a quantidade e chegou a ter 100 pessoas acampadas no local.

As crianças foram retiradas do local pela manhã, assim que os manifestantes avistaram a chegada de representantes do Conselho Tutelar. O órgão estava lá acompanhando o processo de reintegração de posse, para o caso de haver crianças ainda envolvidas no conflito. Adolescentes foram vistos de longe, participando da ocupação.

No total, os sem teto invadiram quatro pontos da prefeitura na área do Moradas Dourados. Três terrenos na esquina da rua Abílio com Edir Ferreira, e mais um terreno próximo. Ao todo, eles reivindicavam uma área de 13.097,19 m2, que era a pertencente ao município naquela região.

Tercio Carvalho informou que o órgão vai intensificar as rondas de fiscalização na área, para evitar que seja invadida novamente por manifestantes.

 

 

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