Representante da ONU critica brasileiros por ataque em Caarapó
Victoria Tauli-Corpuz não gostou do que viu em MS
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Victoria Tauli-Corpuz não gostou do que viu em MS
Repercutiu mundo afora o conflito fundiário em Caarapó, a 273 quilômetros de Campo Grande. Na quarta-feira (22), Victoria Tauli-Corpuz, oriunda de uma etnia indígena das Filipinas, relatora especial da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre os direitos dos povos indígenas, condenou publicamente o ataque aos guarani-kaiowá da Aldeia Te’ Ýikuê, realizado no dia 14 deste mês, quando um índio morreu e seis ficaram feridos.
No site oficial das Nações Unidas no Brasil, foi divulgada uma matéria em que a especialista faz referência ao assassinato do agente de saúde Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza como “uma morte anunciada”. Isso porque, em março deste ano, Victoria veio ao Brasil e passou por Mato Grosso do Sul, de onde saiu com uma constatação nada animadora: “O estado é o mais violento no Brasil, com o número mais elevado e crescente de indígenas mortos”.
Após visitar povos indígenas Guarani-Kaiowá nas terras indígenas Kurussu Ambá, Guayviry, Taquara e na Reserva de Dourados, além do Conselho Terena, a relatora da ONU deixou alertas sobre os riscos dos conflitos por terra na região. “Lamento que, apesar de meus alertas anteriores, as autoridades federais e estaduais tenham fracassado em adotar medidas rápidas para prevenir a violência contra povos indígenas”, desabafou nesta semana, ao saber do ataque em Caarapó.
Sem poupar críticas às falhas das autoridades que permitiram a ação criminosa na Fazenda Yvu, propriedade vizinha à aldeia e que havia sido ocupada pelos indígenas dois dias antes do ataque armado contra os guaranis, Victoria reforçou apelos que já havia feito. “Peço para que os procedimentos de demarcação sejam agilizados como uma questão prioritária, visando a clarificar a titularidade de terras indígenas e prevenir uma maior escalada de violência. A busca por interesses econômicos de tal modo que subordinem ainda mais os direitos dos povos indígenas cria um risco potencial de efeitos etnocidas que não pode ser desconsiderado nem subestimado”, afirmou.
A relatora especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas também cobrou as autoridades federais e estaduais para que adotem “ações urgentes para prevenir mais assassinatos, bem como investigar e responsabilizar os perpetradores”. A PF (Polícia Federal) investiga o ataque ocorrido em Caarapó, mas ninguém foi preso ou acusado formalmente até o momento, embora vídeos gravados pelas vítimas – e colhidos pelos investigadores – mostrem com clareza a ação de homens armados na manhã do dia 14 de junho.
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