Prefeito reconhece que revisão histórica de Dourados merece debate

Relatório indica que cidade tem 102 anos e não é ‘terra de Antônio João’

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Relatório indica que cidade tem 102 anos e não é ‘terra de Antônio João’

O prefeito Murilo Zauith (PSB) reconheceu que a revisão histórica proposta para Dourados, município distante 228 quilômetros de Campo Grande, precisa ser debatida pela sociedade. Nesta quinta-feira (3), a prefeitura divulgou o encontro do gestor com o historiador Carlos Magno Mieres Amarilha, responsável pelas pesquisas de três anos que resultaram em sugestões relacionadas a uma nova data de aniversário para o povo douradense e à retirada da frase “terra de Antônio João” do dístico do brasão.

O Jornal Midiamax noticiou no dia 29 de outubro que a Comissão de Revisão Histórica de Dourados havia entregue em mãos, ao prefeito, o relatório conclusivo sobre adequações históricas para a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. No entanto, somente hoje a administração municipal destacou o recebimento do material, que já tem gerado polêmica entre descendentes de pioneiros.

“O prefeito Murilo recebeu o material e comentou que se trata de um assunto que realmente precisa ser colocado em debate, para que a sociedade possa entender todos os pontos elencados e finalmente decidir sobre as mudanças propostas”, informa a prefeitura por meio de matéria divulgada à imprensa.

Professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), mestre em História pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e doutorando em Educação na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Amarilha ressaltou que a intenção das propostas é “descongelar memórias e fortalecer as identidades culturais” do povo douradense. “A gente não quer mudar, queremos acrescentar, reforçar itens de pertencimento”, garantiu.

Embora a Lei número 60, proposta pelo vereador Aguiar Ferreira de Souza e homologada em 1953 pelo então prefeito Nelson de Araújo, estabeleça o dia 20 de dezembro como aniversário da emancipação político-administrativa de Dourados, algo que ocorreu em 1935 e está prestes a completar 81 anos, a Comissão de Revisão Histórica indica que a cidade já tem 102 anos.

O relatório entregue a Zauith sugere o reconhecimento de 15 de junho como “o dia de todos os povos de Dourados. O dia do douradense”, argumentando que foi nessa data, no ano de 1914, a “fundação do Distrito de Paz de Dourados, com a sua sede no Patrimônio de Dourados (atual Dourados)”.

Ainda conforme a Comissão de Revisão Histórica de Dourados, é necessário “acrescentar no brasão oficial de Dourados, a data de fundação dia 15 de junho de 1914, reconhecer explicitamente os povos indígenas e os imigrantes que aqui se estabeleceram desde o final do século XIX e século XX. Retirar a frase ‘Terra de Antônio João’ do dístico do brasão. Incluir uma trajetória histórica coerente sobre a História de Dourados, representados com os povos indígenas, as mulheres, os ascendentes de paraguaios, os afrodescendentes, os brasileiros agregados, o libanês, o sírio, o mato-grossense, o sul-mato-grossense, o japonês, o sul-rio-grandense, parte de fazendeiros, entre outros, que foram silenciados no brasão oficial de Dourados”.

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