População quer dinheiro bloqueado na compra de máquinas para tapa-buracos

Qualidade do serviço é questionada 

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Qualidade do serviço é questionada 

Um dia após a Justiça autorizar bloqueio de R$ 315 milhões de responsáveis pelo serviço de tapa-buraco em Campo Grande, parte da população acompanha atentamente o trabalho feito. Nesta quinta-feira (24), oito equipes fazem o trabalho na Capital, que é acompanhado por algumas pessoas que passaram a olhar atentamente o serviço depois de denúncias de desvio de dinheiro.

O empresário Gilberto Muniz acompanha de perto o trabalho de tapa-buraco e reclama da organização.  Na avaliação dele, não há necessidade de uma equipe com 16 pessoas em um trabalho que poderia ser feito por três.

“Fica um trabalhando e 15 olhando, com duzentos buracos pela frente. É muito mal distribuído. Ano passado, na Bandeirantes, observei a mesma coisa. Um monte trabalhando e o restante olhando”, reclamou.

O empresário também critica a qualidade do serviço e o consequente desvio de dinheiro. Sobre as apreensões de patrimônios feitas pela Justiça, ele defende investimento no próprio trabalho.

“Tem que investir este dinheiro em máquinas. Hoje não precisa mais deste serviço braçal. Tem máquina que faz isso. Do jeito que é feito, em um dia fazem e no outro já está tudo estragado”, criticou. O empresário ressaltou a importância do trabalho feito pela imprensa, mas salientou para a necessidade da população também fiscalizar, para conter abusos.

O publicitário José Augusto Faria não acompanha o trabalho muito de perto, visto que sempre passa pelos locais de carro, mas também critica a qualidade do serviço prestado. “Você passa em um dia e estão trabalhando. No outro já explodiu o buraco de novo”, reclamou.

Na avaliação do publicitário, falta uma regulamentação do trabalho, principalmente no que se refere a qualidade do produto aplicado. “Precisa de uma perícia. Não sei quem faria. Algo tipo o trabalho do Inmetro. Um órgão regulador”, orientou.

José Augusto acredita que só uma punição maior e uma fiscalização efetiva pode reduzir este desperdício de dinheiro. “O processo é muito moroso e quase não se vê resultado. Não tem muita punição”, concluiu.

Bloqueio

As investigações sobre suspeita de corrupção no serviço de manutenção das vias públicas de Campo Grande levaram a justiça a decretar a indisponibilidade de R$ 315 milhões em bens de 21 investigados. Estão na lista o ex-prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho, os ex-secretários de Obras, João Antônio de Marco, Semy Ferraz e Valtemir Alves de Brito, além de servidores e empreiteiros.

Segundo o despacho do juiz Marcelo Ivo de Oliveira, estão com bens indisponíveis Sylvio Cesco, João Paron Maria, Bertholdo Figueiró Filho, Elisas Lino da Silva, Fátima Rosa Moral, Ivane Vanzella, Vera Lúcia Ferreira Vargas, Selco Engenharia, Uilson Simioli, Denis Simioli, Gerson Nina Prado, Abimael Lossavero, Caio Trindade, Luziano Neto, Asimix Ltda, Paulo Roberto Álvares e Michel Issa Filho.

A determinação atende a solicitação feita pela força-tarefa criada pelo Ministério Público Estadual após estourar a Operação Lama Asfáltica, realizada pela Polícia Federal em conjunto com a CGU (Controladoria-Geral da União) e o MPF (Ministério Público Federal).

Isso porque, segundo os promotores de Justiça, houveram atos de irregularidades na contratação de pequeno grupo de empresas, danos que custaram ao erário mais de 372 milhões até janeiro de 2015. Somente a Selco abocanhou R$ 28,7 milhões até junho do ano passado, todos devido a obras do tapa-buracos feitos em Campo Grande.

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