Polícia ouve nesta terça empresário suspeito de golpe de mais de R$ 100 mil

Clientes dizem que ele recebia, mas abandonava obra

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Clientes dizem que ele recebia, mas abandonava obra

 

A Polícia Civil de Campo Grande vai ouvir nesta terça-feira (26) o proprietário da empresa Casa Santa, Elieser de Eliseu Simões. Ele é suspeito de receber para fazer piscinas na Capital, receber o dinheiro e não terminar obra. Um dos clientes diz que chegou a perder quase R$ 25 mil. O golpe, segundo a delegada responsável pelo caso, Daniela Kades, passa de R$ 100 mil.

“A gente contratou ele para reformar a piscina em fevereiro. Ele acabou nos convencendo a construir uma nova. Ele era bom de lábia. Nós assinamos o contrato e passamos mais de R$ 6 mil de entrada, no total. Ele construiu a estrutura, bem mal feita, sem coluna, e sumiu em junho. Ia um dia, sumia uma semana, até sumir e não atender o telefone”, cita a estudante de Arquitetura, Ana Cláudia Portela, de 23 anos.

Segundo a consumidora, Elieser chegou a ameaçar o pai dela depois dele pedir explicação sobre a obra. A família, receosa com o serviço, foi atrás da ficha criminal da rapaz e procurou uma advogada.

“Eu posso ser enrolado pra entregar, mas eu não sou caloteiro. A gente tenta fazer o serviço para agradar no máximo os clientes. A gente trabalha de uma forma idônea. Meu advogado esteve lá na delegacia e são seis contratantes que entraram contra a gente. Nem todos são piscinas, são quatro de piscinas. A gente honra com nossos débitos, a gente executa com maior prazer desde que honre com seus pagamentos”, explica Elieser a equipe de reportagem do Jornal Midiamax

Segundo a advogado que acompanha o caso, Cassyana Fontoura Rocha, foi feito um pedido de abertura de inquérito policial “para que a delegada investigue se houve, de fato, estelionato ou não. Agora, o que nos cabe fazer é aguardar o trâmite da investigação, pois é a autoridade policial que decidirá se houve crime ou não”, afirma. 

Segundo Elieser, a maioria dos cleintes não pagou e por isso a obra foi parada. “Cada cliente é um caso de execução. Cada construtor tem seu estilo. Cada tipo de piscina tem seu revestimento. E sem pagamento vai fazer obra como?”, pontua. 

A maioria das 11 famílias, que acusam Elieser, procuraram a empresa após ver perfil na internet. Ele tinha uma página no Facebook, deletada, na qual ele postava fotos de seus trabalhos, pergolados, decks, piscinas artesanais, entre outros. Algumas fotos utilizadas foram objeto de processos por violação de direitos autorais, por não serem de autoria de Simão. “A gente tirou do ar após todos esses casos. Infelizmente tem coisas que não são reais. Estou me denegrindo”, diz. 

A delegada responsável pelo caso, Daniela Kades, afirma que Elieser tem passagem por ameaça, vias de fato e violação de direitos autorais. “Nós terminamos de ouvir as vítimas, que até agora são 11. Amanhã vamos ouvir ele e a esposa, Luciene. A mãe dele, que cedia a conta para o depósito do dinheiro, foi ouvida semana passada e afirmou que não sabia do problema. Aparentemente, ela não tem ligação com o golpe”, explica.

O homem também foi preso em 2010 após uma perseguição que durou quase quatro horas. Os policiais dispararam mais de 10 tiros atingindo na lataria do veículo. Os policiais afirmaram, na época, que o rapaz chegou a jogar o veículo contra uma viatura, pertencente ao 1º Batalhão. Elieser foi liberado depois de pagar uma fiança de R$ 400,00.

Polícia ouve nesta terça empresário suspeito de golpe de mais de R$ 100 milAmanhã (26), Elieser será ouvido, e na sexta-feira (29) uma audiência está marcada entre as famílias e o suspeito.

As vítimas estão sendo orientadas a apresentar as provas que possuem e se dirigir a 1º DP, onde o caso está sendo investigado. 

O que fazer

A delegada recomenda que, nesses casos, em que um serviço é contratado e o fornecedor ‘some’, os consumidores devem procurar a delegacia para registrar boletim de ocorrência. Segundo ela, 60% dos casos investigados na 1º DP da Capital são de estelionato. “A cidade tem muito caso desses, tem gente que contrata serviço, qualquer que seja, e some, outros depositam como entrada de compra de um produto e o fornecedor some. Tem casos que são difíceis de achar solução porque o endereço não existe”, explica.

De acordo com o advogado Hugo Fanaia de Medeiros e membro da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul), o consumidor precisa assinar um contrato. “O documento precisa ser bem escrito, detalhado, com prazo de entrega, multa contratual para ambos as partes, caso não faço a obra no prazo correto”, explica.

Segundo o advogado, a relação é regida pelo Código de Defesa do Consumidor. “O código visa proteger as relações de consumo com base na boa fé objetiva. Uma vez que é verificado que essa fé é quebrada, o consumidor pode procurar seus direitos”, destaca.

Caso seja enganado, o consumidor deve procurar a delegacia para o registro. Mas, quanto a indenização por danos morais, ele precisa procurar a Justiça e entrar com uma ação contra o fornecedor.

Já no Procon (Superintendência de Defesa do Consumidor), os clientes podem ir atrás do ressarcimento. O órgão fica na Rua 13 de Junho, 930, Centro. O consumidor também pode entrar em contato pelo disque-denúncia 151, ou pelo telefone (67) 3316-9800.

 

*Matéria atualizada às 17h para acréscimo de informações

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