O dia em que o PM virou socorrista e o choro veio ainda na viatura
O policial socorreu criança em convulsão durante serviço
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O policial socorreu criança em convulsão durante serviço
Para o cabo do Bptran (Batalhão de Trânsito da Polícia Militar) de Campo Grande Fábio Krauss, o sentimento de dever cumprido veio com muito mais intensidade na noite deste sábado (18). Policial há 12 anos, ele viu o lado humano falar mais alto que o profissional depois de uma ocorrência não muito convencional no seu dia a dia, o socorro a uma criança, no meio do trabalho de policiamento do trânsito.
Por volta das 23 horas deste sábado, o cabo estava em uma ocorrência de acidente trânsito quando, de repente, viu um veículo Gol se aproximando e buzinando sem parar. Fábio disse que chegou mais perto e viu um casal no interior do carro pedindo ajuda. Quando abriu a porta traseira deparou-se com uma criança de cerca de 1 ano convulsionando no colo da mãe.
A reação foi imediata. Ele pegou a criança no colo e a levou para a viatura. Com a mãe no banco do carona, pediu para o colega de serviço, soldado Heberson, que seguisse para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mais próxima. “No caminho para a UPA eu não sabia o que fazer. Aprendemos muita coisa por conta da profissão, mas nesse momento a gente sente que cai um pouco a farda por ser uma criança e a gente estar tão limitado”, conta o cabo.
A saída foi pedir ajuda os colegas no rádio. “Mudei a canaleta [frequência] tentando achar dos bombeiros, foi quando alguém do outro lado, que até agora não consegui saber quem é, me ajudou com os primeiros socorros. Essa pessoa me orientou a como fazer todos os procedimentos”, destaca.
Longos minutos
Da entrada do Bairro São Conrado, local onde ele foi abordado pelo casal, até a UPA Leblon, para onde a criança estava sendo levada, o trajeto não dura mais de 5 minutos, mas Fábio destaca que para ele foi uma eternidade. Ele conta que viu o caminho ficar mais longo ainda quando em determinado momento a criança perdeu a consciência.
“Teve um momento que senti que estava perdendo ela, foi quando ela apagou. Mas continuei os procedimentos e então ela acordou e chorou. Nessa hora eu senti que tudo tinha dado certo. Cheguei na UPA, coloquei ela na maca e saí”, diz.
O cabo relatou tudo o que aconteceu em sua página pessoal no Facebook e nesta parte ele conta que não conteve as lágrimas. “Firme ficamos até colocá-lo na sala de emergência, quando então, senti a presença de Deus. Nesse momento a farda desapareceu, surgiu o homem Fábio Krauss que chorou tal como aquela criança”, diz no post.
Ele destacou em conversa com a equipe do Jornal Midiamax que é impossível descrever o sentimento nesse momento. “Nenhuma coisa paga isso. Minha recompensa não é o salário que o governo me paga no final do mês. É isso”, diz.
Aos 38 anos de idade, e pai de três filhos, o cabo diz que esta não é a primeira vez que precisa fugir um pouco de suas funções do dia a dia. Há 4 anos ele conta que entrou em uma residência em chamas para resgatar um idoso, de 74 anos. Situações como essas, para ele, são fundamentais para ressaltar o lado humano do policial.
“Isso mostra o que somos atrás da farda. Todo mundo enxerga o policial como um super-homem, mas não é bem assim. Atrás da farda tem um homem que chora, que sofre, que sangra, que tem sentimentos”, ressalta o cabo.
Desespero
Em um momento desses por mais difícil que seja é importante manter a calma e foi isso que o autônomo Erik Lobo, de 22 anos, pai da criança, procurou fazer. “A princípio, quando a gente viu ele naquela situação, o sentimento de pavor tomou conta, mas eu tentei manter a calma. Tentei fazer minha parte de pai de família e controlar minha esposa”, diz Erik.
Sobre o fato de ter pedido ajuda para uma equipe de policiamento do trânsito ele explica que foi uma coincidência encontrá-la, mas foi de extrema importância para salvar a vida do filho. “Por causa do desespero em levar logo ele para atendimento, furei um monte de sinal vermelho e lombada. Se eu fosse visto por uma viatura da polícia fazendo isso seria mal interpretado, foi quando vi o giroflex da viatura e resolvi pedir ajuda”, conta.
Erik destaca que sua intenção era apenas conseguir apoio no trânsito para chegar logo na unidade de saúde, mas o policial fez muito mais. “Ele foi fantástico. Uma pessoa muito sensível que ganhou a nossa admiração”, diz o empresário Acácio Silva Lobo, de 41 anos, avô da criança.
O menino diagnosticado com pneumonia recebeu atendimento médico na UPA da Vila Leblon e às 6 horas deste domingo recebeu alta e vai continuar o tratamento em casa.
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