Secretaria de Saúde determinou apreensão de produto em mercados do Estado

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, publicou nesta sexta-feira (18) uma resolução determinando a suspensão do comércio e da publicidade da noz da índia, popularmente utilizada para perda de peso. O uso do produto levou à morte da cantora gospel campo grandense Ana Cláudia Alves, de 38 anos, em fevereiro deste ano.

A resolução determina a “suspensão da fabricação, importação, distribuição, divulgação, publicidade, comércio e uso” da semente, além do “recolhimento do estoque existente no mercado de semenstres da planta Noz da Índia”.
Segundo a resolução, a Vigilância Sanitária tem poder para apreender as amostras de noz da índia contendo indicações terapêuticas em suas embalagens, em circulação nos mercados de todo o Estado.

Em fevereiro, após a morte de Ana Cláudia, o Civitox (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica do Estado) lanço uma nota técnica informando os sintomas causados pela utilização do produto.

Náuseas, vômitos, cólicas, diarreia, sede intensa, além de desidratação, taquicardia, dipnéia e hipertemia (aumento da temperatura corporal) em casos graves, foram alguns dos sintomas encontrados pelo Centro, causados pelo consumo da noz.

A Secretaria de Saúde recorda que o produto altamente tóxico já levou a outros casos de óbito fora do Estado, em São Paulo, Goiás e no Espírito Santo. O consumo da noz é proibido em outros países, como Chile, Espanha e Austrália.

Outro problema causado pelo comércio do produto é que não raramente vendedores mal intencionados comercializam uma semente chamada de Chapéu de Napoleão como se fosse noz da india. A planta é “extremamente tóxica”, segundo a Secretaria de Saúde, podendo causar arritmia cardíaca e morte.

Morte de cantora

A cantora Ana Cláudia Alves, de 38 anos, morreu no dia 1º de fevereiro, vítima de complicações em decorrência do uso da noz da índia. A cantora teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Sua irmã Marisangela Alves cantou que Cláudia usava há noz há aproximadamente quatro meses. Ela se dizia satisfeita com os resultados, e apesar dos conselhos da família para interromper o uso da substância, prosseguiu com o tratamento arriscado.

“Ela disse que ia muito ao banheiro e eu achei estranho, pedi para que ela parasse, mas não teve jeito. Depois que ela começou a passar mal e foi internada o médico disse que o que ela havia feito foi muito prejudicial”, lembra.

As primeiras complicações apareceram em agosto, e segundo a irmã, ao invés de emagrecer Claudia começou a te inchaços, seguidos de desmaios e constante mal-estar. Foi diagnosticada cirrose hepática e entrou na fila do transplante de fígado. Nos últimos dias, a condição de saúde piorou, Cláudia foi internada e acabou falecendo.

Venda indiscriminada

Dois meses após a morte de Cláudia e o lançamento da nota do Civitox, o Jornal Midiamax percorreu os corredores do Mercado Municipal de e o Centro da Capital verificou que a venda da semente continuava desenfreada.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) considera a venda do produto como medicamente terapêutico um crime. Mesmo assim, a reportagem encontrou inúmeras bancas de ervas naturais comercializando a semente, a preço de R$ 20.

Em páginas da internet, a reportagem também encontrou vendedores oferecendo o produto, por varejo e até atacado. Entregas poderiam ser feitas a domicílio para quem quisesse comprar o medicamento clandestino sem sair de casa.

(sob supervisão de Evelin Araujo)