Mesmo demitido, médico acusado de fraudar SUS pode operar na Santa Casa
Defesa alega que cirurgião segue com cadastro regular
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Defesa alega que cirurgião segue com cadastro regular
A decisão do desembargador do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 24ª Região, Ricardo Geraldo Monteiro Zandona, que mantém a demissão do médico Jaime Yoshinori Oshiro da Santa Casa de Campo Grande, sob acusação não tira do médico o direito de utilizar as instalações do hospital para exercício particular da profissão. A informação é do advogado de defesa, Ricardo Machado, que já impetrou com recurso na Justiça para reintegrar Oshiro ao quadro de funcionários do hospital.
A defesa contesta o procedimento interno que resultou na sindicância e posterior demissão do médico. Segundo o advogado, a Santa Casa concluiu as investigações em um prazo de apenas 6 dias. “Um procedimento de investigação como este, deveria ter durado, no mínimo, 15 dias. Porém, o hospital entrou com sindicância no dia 22 de dezembro e concluiu já no dia 28. Em decorrência disso, já entramos com recurso para suspender essa decisão e reaver o cargo ao qual ele tem direito”, alega o advogado.
Ricardo explica que a decisão do desembargador apenas tira do médico o contrato de trabalho com o hospital, mas que ele se mantém licenciado para atividade médica e credenciado para usar salas de cirurgia. “Ele segue com exercício normal da profissão, deste modo, caso um paciente dele precisar de atendimento dentro do hospital, ele pode sim fazer uso particular das dependências, inclusive para realização de cirurgias. Suas atividades como médico seguem normalmente, só o contrato de trabalho com a Santa Casa está suspenso”, disse.
As falas do advogado contrariam as informações repassadas pelo hospital. Segundo a assessoria, a diretoria técnica da Santa Casa, bem como centro cirúrgico, confirmaram nesta segunda-feira (15) que o acesso do médico está restrito na unidade.
Para o advogado, a informação da assessoria de imprensa está equivocada. Ele admite que seu cliente não fez uso do hospital desde a decisão da Justiça. “O médico só não fez uso ao direito de atender um paciente dentro do hospital, simplesmente porque não houve necessidade disso. Sua entra é autorizada na Santa Casa, como em qualquer outro hospital. Ele é médico com registro regular e tem o direito de atender seus pacientes”, concluiu.
O CASO
Jaime Oshiro trabalhava no hospital há 30 anos e foi demitido no dia 7 de janeiro, sob suspeita de cobrar para fazer uma cirurgia de paciente atendido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), ou seja, de fraudar o sistema. Inconformado com a decisão, ele foi ao Tribunal Regional do Trabalho e, primeiramente, o juiz Júlio César Bebber, da 2ª Vara do Trabalho, negou seu pedido de reintegração.
O médico apresentou novas razões e o mesmo juiz reformulou a decisão, concedendo liminar para que Jayme retornasse ao hospital. Oshiro retornou ao trabalho no dia 30 de janeiro e, a partir da nova decisão do dia 7 de feveireiro, teve contrato novamente suspenso.
A irregularidade da qual é suspeito foi descoberta no dia 22 de dezembro de 2015, quando uma trabalhadora rural, de 48 anos, analfabeta, vinda de um hospital de Sete Quedas estava na mesa de cirurgia e disse ao anestesista que havia pago pela cirurgia de retirada de vesícula. Como a internação havia sido feita pelo SUS, o profissional estranhou e recusou-se a fazer o procedimento. O diretor do Centro Cirúrgico foi chamado, então, e iniciou-se a investigação.
A cirurgia foi suspensa e só realizada dois dias depois, em 24 de dezembro, por outro profissional.
Segundo o que está relatado na sindicância aberta pela Santa Casa, a quantia envolvida foi de R$ 1,5 mil pela cirurgia e R$ 800,00 pelo atendimento no consultório do médico, que fica na região da Santa Casa. O médico fala em R$ 300 pela consulta.
A investigação aponta que o médico devolveu os R$ 1,5 mil, e, quando ouvido na sindicância, alegou ter recebido como forma de doação. Disse a mesma coisa à Justiça do Trabalho. Em todos os seus testemunhos, porém, a trabalhadora rural e a filha que a acompanhava disseram ter pago o valor pelo procedimento de urgência.
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