Índios relatam novo ataque com 3 feridos em área onde índio morreu

Pistoleiros teriam chegado durante reza

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Pistoleiros teriam chegado durante reza

Um novo ataque contra índios deixou três feridos em Caarapó, município a 272 quilômetros de Campo Grande, na noite de segunda-feira (11). O fato aconteceu na região onde fica a fazenda Yvu, onde, no mês passado, um índio foi morto.

Segundo uma guarani-kaiowá que atua como agente de saúde na Aldeia Te’ Ýikuê, as vítimas levaram tiros e serão transferidas para o HV (Hospital da Vida) de Dourados, que confirmou ter sido acionado e já deixou uma equipe de prontidão.

A índia disse ao Jornal Midiamax que às 22h20 de ontem homens armados aproximaram-se de um grupo de guerreiros guarani-kaiowá que rezava e cantava. Caminhonetes e uma pá-carregadeira foram utilizadas no ataque, segundo a testemunha, que informou a existência de três feridos.

“Eles chegaram atirando e disseram ‘sai da minha área, seu vagabundo’. Começou o tiroteio, pensei que tinha matado todos eles”, afirmou a agente de saúde, identificada como Albina. Segundo ela, policiais da Força Nacional de Segurança, que passaram a atuar na região após o violento ataque que deixou um índio morto e seis feridos no dia 14 de junho, orientaram que fosse registrada queixa na delegacia do município. Mas os indígenas preferiram acionar a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) para transportar os feridos até Dourados.

No Hospital da Vida, o enfermeiro chefe, Genivaldo Dias da Silva, confirmou ter sido acionado pelos índios de Caarapó. “Falou comigo há meia hora e disse que vêm três vítimas de arma de fogo; já preparamos uma equipe para atender”, disse. Nesse mesmo hospital, cinco índios feridos no ataque do dia 14 de junho ficaram internados. Foi nessa ocasião que os guarani da Te’ Ýikuê conseguiram o contato do enfermeiro.

No Hospital São Mateus, em Caarapó, não houve entrada de pacientes indígenas com ferimentos a tiros até agora, conforme relatado por funcionária da unidade à reportagem.

Na PF (Polícia Federal), quem poderia ter informações sobre esse caso não foi encontrado. O coordenador regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Dourados, Vander Nishijima, não atendeu as ligações.

No site oficial, o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) confirmou o ataque e publicou fotos das vítimas. Segundo a entidade ligada à Igreja Católica e que apoia a causa indígena, foram feridos menores de idade; um foi baleado no braço e outro no joelho. Uma terceira vítima teve o abdome atingido.

Risco de Despejo

Os índios estão na fazenda desde o dia início de junho, pouco antes do ataque com uma morte. Na semana passada, a Justiça concedeu ordem de reintegração de posse, com prazo de 20 dias. A Funai (Fundaçao Nacional do Índio), em Mato Grosso do Sul, informou que vai recorrer da decisão do juiz Janio Roberto dos Santos..

O mandado de reintegração de posse expedido na última quarta-feira (6) pela Justiça Federal atende pedido de Silvana Raquel Cerqueira Amado Buainan, proprietária da fazenda, na qual alega criar gado e arrendar parte para terceiros explorarem a agricultura.

A princípio, ela queria evitar invasões, e através do pedido de interdito proibitório, solicitava multa de R$ 100 mil caso isso acontecesse. Mas no decorrer do processo foi constatada nova ocupação, e o magistrado determinou o despejo dos indígenas.

 

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