Índios apontam sitiantes como responsáveis por ataque a aldeia, segundo MPF

Força Tarefa Avá Guarani investiga o caso

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Força Tarefa Avá Guarani investiga o caso

Os três índios Guarani-Kaiowá feridos durante ataque, na última segunda-feira (11), em Caarapó município a 273 quilômetros de Campo Grande já passaram por exame de corpo de delito e conforme nota divulgada pelo MPF (Ministério Público Federal), nesta quinta-feira (14), apontam os donos de sítios vizinhos como autores do atentado. A Força Tarefa Avá Guarani ouviu a comunidade e também os sitiantes, que negam o crime.

Em nota, o MPF informa que a ofensiva aconteceu nas proximidades da Fazenda Santa Maria, que faz divisa com a Fazenda Yvu, local do primeiro ataque, onde o agente de saúde Clodioude Aguile Rodrigues dos Santos morreu. O Ministério também ressaltou a vulnerabilidade em que se encontram os índios e necessidade de proteção à vida e o direito territorial dos indígenas.

O MPF confirmou na nota, que um dia após o atentado, integrantes do MPF, acompanhados de agentes da Polícia Federal (PF), estiveram na comunidade atacada e ouviram testemunhas. Nos depoimentos, os trabalhadores rurais confirmaram a passagem de caminhonetes acompanhadas de um trator/pá-carregadeira em direção à comunidade e relataram ter ouvido o tiroteio, seguido do ruído dos veículos na estrada vicinal que dá acesso aos sítios onde residem.

Já os índios afirmaram que os agressores efetuaram disparos com armas de fogo em direção à comunidade expressando declarações racistas. Para os Guarani, sitiantes próximos ao acampamento seriam os prováveis autores da violência.

Os três índios que ficaram feridos com tiros passaram por exame de corpo de delito ontem (13) em Dourados. Dois deles eram adolescentes, de 15 e 17 anos. A pedido do MPF, a Força Nacional, presente no local desde a última ofensiva contra os índios, deverá intensificar as rondas na região para evitar novos confrontos.

13 FERIDOS 1 MORTE

A nota ressalta que os dois atos de violência, resultaram na morte de um índio e um total de 13 feridos. Os casos já estão sendo investigados pela Força Tarefa (FT) Avá Guarani, do MPF, instituída pelo procurador geral da República para apurar crimes contra as comunidades indígenas de MS.

No mês passado, as investigações da FT resultaram no ajuizamento de duas denúncias contra 12 pessoas por formação de milícia armada contra os índios.

TI Dourados Amambaipegua I

A Terra Indígena Dourados Amambaipegua I engloba terras de 87 propriedades rurais de Caarapó, Laguna Carapã e Amambai. A delimitação da área é recente, realizada há 2 meses, por portaria da Funai publicada em 13 de maio de 2016 no Diário Oficial da União. 

Segundo estudos antropológicos, há relatos da ocupação indígena desde o século XVII. Após a Guerra do Paraguai, os índios teriam sido expulsos de suas terras para dar lugar a formação de fazendas. Apesar da retirada forçada, os Guarani permaneceram na região como peões ou trabalhadores braçais para manter proximidade com o território tradicional.

De acordo com o estudo publicado pela Funai, “mesmo em condições adversas e de submissão, os Guarani e Kaiowá nunca deixaram de acessar suas terras de ocupação tradicional, empreendendo diversos esforços para resistir ao esbulho renitente de suas terras, havendo documentação oficial destes episódios, desde os anos 1940 até 1992, após a promulgação da Constituição Federal de 1988”.

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