“Quero ser um menino bom”, disse garoto, sobre o que ser quando crescer

Apesar de todo o sofrimento que o garotinho de 4 anos, torturado pelos tios em rituais de magia negra passou nos último meses, a esperança não saiu de seu coração. Questionado pela equipe médica que o está cuidando no Hospital Santa Casa de , sobre o que queria ser quando crescesse, a resposta foi simples: um menino bom!

A frase dita por alguém que sofreu abusos sistemáticos durante meses sensibilizou a equipe. “Todos estão muito sensíveis com esse caso e tentando proteger a criança, mas tem coisa que não tem como não emocionar”, conta a assessoria, pontuando que a enfermeira que ouviu a frase se conteve na frente do garoto, mas não conseguiu segurar as lágrimas minutos depois.

A assessoria pontua ainda que tem recebido muitas ligações de pessoas que querem adotar a criança e enviar donativos ao menino. Mas explica que ele está sendo atendido em área de tratamento intensivo e o donativos não podem entrar no local, por risco de contaminação. Por isso, pede para que não levem brinquedos para lá.

Ainda conforme a assessoria, ainda é muito cedo para dar um diagnóstico preciso do que o futuro aguarda para o menino. “Não há como falarmos da parte psicológica ainda. Ele está muito calado, não reclama de nada, nem quando aplicamos injeção reclama. Faz careta, mas não fala nada”, diz.

A esperança de todos é que o menino se recupere, tanto físico, como psicologicamente. Mas, por enquanto, a equipe médica prefere não pontuar nada para não se precipitar. 

O caso

A criança foi resgatada na noite da terça-feira (23) depois de uma visita de rotina do abrigo que constatou os machucados no menino, que tinha muitas lesões pelo corpo, nas costas, pescoço e teve a unha do dedão do pé arrancada, além de ter água quente derramada em sua cabeça.

O casal, acusado dos maus-tratos, já está preso. Eles são tios do menino tinham a guarda desde maio de 2015. O menino ainda tem uma irmã, que está abrigada.  

A justificativa, segundo a tia, para tanta barbárie seria o diabo. Segundo a autora, eles ouviam vozes, que eram do diabo, e por isso, praticavam as torturas. O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro e repassado para a DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) que já está investigando.