Família de jovem morto por PM aguarda inquérito para buscar indenização

Ele passava por local onde houve assalto e foi atingido

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Ele passava por local onde houve assalto e foi atingido

A família do funileiro Wendell Lucas dos Santos, morto aos 23 anos, na noite do dia 24 de dezembro de 2015, aguarda a conclusão do inquérito policial para ingressar na justiça com ação indenizatória. O rapaz foi baleado durante ação de um policial militar de folga, que, para impedir um assalto, atirou contra o suspeito, matando-o, e também atingido Wendell, que passava pelo local a caminho da festa de Natal da família.

Na Polícia Civil, não há previsão de finalização do inquérito. De acordo com o delegado Carlos Delano, o laudo da perícia feita no dia ainda não foi entregue na Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos). “Para dar andamento nas investigações, falta juntar o resultado da perícia. O prazo para entrega era de 10 dias e como está atrasado, creio que isso deve acontecer nos próximos dias”. A principal pergunta a ser respondida é se que atingiu Wendell saiu mesmo da arma do policial, o soldado Flávio Luiz Galioto, de 33 anos, do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

Segundo o irmão de Wendell, Ademar Oliveira Junior, a família não tem dúvidas de que o disparo foi feito pelo policial. “Tudo que nos foi passado indica isso, mas independente de resultado, vamos entrar na justiça para darmos um amparo para nossa mãe, que é quem mais sofre com a situação. Para nós, não importa quem atirou. Só sei que meu irão se foi e nada, infelizmente vai mudar isso”, explica.

Ademar diz que a mãe é aposentada e que Wendell era o único filho que ainda morava com ela. “Três meses antes da morte dele, outro irmão que morava com ela também faleceu em acidente de moto. Os dois ajudavam no sustento da casa. Muito abalada, não tinha como deixá-la sozinha, então a trouxe para morar comigo, aqui em Jaraguari”, completou. Da família de seis irmãos, restaram apenas Ademar e três irmãs.

A família acompanha o resultado das investigações e já antecipou que um advogado foi contratado para cuidar do caso. Segundo o irmão, a ação visa apenas deixar a mãe um pouco mais amparada diante da situação. “A casa dela vamos ter de vender, pois fica mal toda vez que vai lá. Com 62 anos, ela já tem problemas cardíacos e tudo ficou pior com o falecimento dos irmãos. Está à base de remédios”, afirmou.

Indagado se a mãe recebeu alguma assistência da polícia, Ademar disse que uma policial esteve na casa da família dando apoio. “Fazer o quê? Nada vai trazer ele de volta. Se o policial é culpado ou não, não faz a menor diferença. Se foi ele, foi uma fatalidade que naquelas circunstâncias poderia ter ocorrido com qualquer pessoa”. Segundo ele, a visita que foi à casa disse que o policial envolvido estava bastante abalado com o ocorrido.

O caso

Wendell foi atingido por um tiro na nuca, quando passava em frente a uma conveniência localizada na Avenida Coronel Antonino, em Campo Grande. Segundo informações policiais, ao passar pela rua, um policial militar à paisana percebeu que em frente à conveniência uma mulher estava sendo assaltada. Ele parou e abordou o bandido, que, conforme o relato, fez menção de sacar a arma.

Conforme as informações do boletim de ocorrência, primeiro Fernando Trindade Gonçalves, pediu um cigarro à mulher, e, diante da negativa, ameaçou a vítima com uma arma, exigindo que entregasse o celular. Segundo ela, Fernando estava de moto e havia um comparsa.

Foi aí que o policial apareceu. O polcial atirou contra o suspeito, que morreu no local. O comparsa fugiu. Fernando ainda tentou fugir, deixando marcas de sangue pela via. Segundo o relato feito à Polícia Civil, a segunda vítima só foi descoberta durante as vistorias realizadas no local, que identificaram um veículo com disparos. Wendell foi encaminhado para a Santa Casa e morreu no dia seguinte. (Texto sob supervisão de Marta Ferreira)

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