Deputados de MS batem boca sobre índios com comissão européia

Indigenistas e deputada ruralista discutiram 

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Indigenistas e deputada ruralista discutiram 

Integrantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal e parlamentares de seis países da Europa estão reunidos nesta terça-feira (7) com autoridades sul-mato-grossenses para tratar da situação das comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul, em especial sobre as situações de violência motivadas pela disputa de terras.

O encontro integra uma agenda oficial da CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados, e acontece na sala da presidência da Assembleia Legislativa. O diálogo, no entanto, registrou tumulto, protagonizado pela deputada estadual Mara Caseiro (PSDB) e integrantes da comissão da Câmara.

Em sua fala, Mara Caseiro saiu em defesa dos proprietários rurais que, segundo ela, na maioria das vezes não são ouvidos e perdem com o conflito. “Vivemos em um País que tem lei e leis tem que servir para todos. Cada fazendeiro que comprou sua área tem o título da sua terra. É claro que se alguém entrar na sua casa você vai brigar pelo o que é seu”, disse.

Em seguida, a pedido da deputada, um vídeo com cenas de fazendeiros sendo agredidos e de índios tecendo críticas ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário) foi exibido aos participantes do encontro, fato que gerou revolta entre os representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

No fim da exibição, o deputado estadual Zeca do PT, um dos integrantes da CDHM, levantou debate sobre a veracidade do vídeo, que de acordo com ele não reproduz a realidade do Estado. “Isso é uma montagem, uma mentira, brincadeira de mau gosto”, disparou. Ele citou, ainda, o ex-governador André Puccinelli, que aparece nas imagens, chegando a apontá-lo como responsável por episódios que resultaram na morte de índios.

Assim como Zeca, o deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL), que integra a comissão da Câmara, também rebateu o conteúdo do vídeo e  afirmou que Mara tentava inverter a realidade. Além disso, Edmilson questionou dados de mortalidade indígena da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), apresentados pela deputada. Números que segundo ele não condizem com os números informados pelo Cimi.

As autoridades estão em Mato Grosso do Sul para conhecer de perto a situação dos indígenas, sobretudo a dos Guarani-Kaiowá. Antes do encontro, o Deputado Padre João (PT-MG), presidente da CDHM, afirmou que fica evidente que no Estado não há conflito entre ruralistas e indígenas, mas sim, “massacre por parte dos ruralistas”.

Além de cobrar resposta das autoridades estaduais, o presidente também aproveitou a ocasião para criticar o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). O deputado afirmou que a comunicação entre o governo do Estado e as demandas da Comissão tem se dado apenas por “ofícios”. Além disso, Padre João confirmou que o encontro entre os europarlamentares e o governador, foi suspenso. Também parte da agenda, a reunião estava marcada para às 16h na governadoria.

Além de discussões sobre problemas e apontamentos de possíveis soluções, as autoridades vão analisar os relatórios finais da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cimi.

Violência contra indígenas
Em novembro, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução para condenar a violência contra os Guarani-Kaiowá e pedir providências das autoridades brasileiras. Na Câmara, os eurodeputados receberam o relatório do Conselho Indigenista Missionário que apontou, no ano passado, 54 assassinatos de índios, 55 invasões de grileiros em terras indígenas, além de elevados índices de suicídio e de mortalidade infantil nas aldeias.

 

*matéria alterada às 18h09 para acréscimo de informações

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