Cerca de 300 estudantes e professores ‘abraçam HU’ e denunciam situação do hospital ao MPF

Documentos serão incorporados a denúncia já existente

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Documentos serão incorporados a denúncia já existente

Cerca de 300 estudantes, técnicos e professores dos cursos de medicina, fisioterapia, nutrição e enfermagem, vinculados ao HU (Hospital Universitário), promoveram na última terça-feira (31), “O abraço ao HU” e em seguida encaminharam um dossiê dá situação do hospital ao MPF (Ministério Público Federal). 

Os documentos serão incorporados a denúncia já existente e também protocolado no MPE (Ministério Público Estadual), por comprometer a qualidade de ensino dos estudantes, as condições de trabalho dos docentes e do atendimento de pacientes de Campo Grande e outros municípios.

A concentração dos estudantes aconteceu em frente do auditório do LAC (Laboratório de Análises Clínicas), dentro do HU. No local, acontecia a reunião do Conselho Diretor da UFMS para definir as regras eleitorais para escolha do novo reitor, com a presença da atual reitoria Célia Maria Silva Oliveira. 

Os acadêmicos aproveitaram o momento para denunciar a eleição proporcional, regra adotada para escolha de reitores. No atual sistema, o voto do segmento dos professores vale 70%, dos estudantes 15% e dos técnicos administrativo 15%.

No protesto, os alunos denunciaram a falta de medicamentos básicos para os pacientes, como Dipirona e de equipamentos para procedimentos cirúrgicos, como dreno, o fechamento de centros de cirúrgicos e do Pronto Socorro, do setor Hemodiálise, fatores que levaram a zerar as vagas de internação na unidade do Hospital Universitário. 

Mesmo depois da decretação da “vaga zero” por portaria do Ministério da Saúde desde 2012, a Central Reguladora de Vagas da Secretaria Municipal de Saúde mantém o encaminhamento de pacientes, provocando o agravamento no atendimento.

Para os dirigentes do movimento a atual situação visa desmontar o SUS (Sistema Único de Saúde), considerado modelo de atendimento de saúde pública por diversos países, com o propósito de repassar a gestão hospitalar para Organizações Sociais (OS) e fortalecer o sistema privado de atendimento à saúde. “Saúde não é mercadoria”, expressava um dos cartazes.

Para os participantes, a situação de falta de condições de ensino e atendimento de pacientes se agravou com a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), estatal responsável pelo gerenciamento do HU. 

A transferência da UFMS foi objeto de protesto de diversos e estudantes no ano de 2013, resultando na ocupação da reitoria e da reunião de colegiados. Em razão dos protestos, a reitoria colocou grades na reitoria e restringiu a participação de estudantes nos Conselho Diretor, Conselho de Ensino de Graduação COEG – e no Conselho Universitário – COUNI.

FALTA DE VERBA

Os acadêmicos reconheceram os problemas enfrentados pelo HU por falta de verbas. Um dos motivos seria a defasagem de procedimentos pagos pela Prefeitura de Campo Grande, na contratualização com o SUS, congelados há mais de 7 anos.

Cobraram mais investimentos do Governo do Estado, uma vez que são feitos atendimentos a pacientes de todos os Estados e países vizinhos. Ainda não pouparam críticas ao gerenciamento da EBSERH. 

Segundo eles, mesmo com a criação de 76 cargos comissionados, com salários oscilando entre R$ 4 mil a R$ 30 mil reais, os problemas não foram equacionados e ainda persistem falhas de gestão e indícios de esquemas de corrupção, já objeto de denúncia na Operação Sangue Frio, anteriores à administração da EBSERH.

Em diversas falas houve reclamações da nomeação de pessoas despreparadas para gerenciamento hospitalar. A incorporação pela estatal, na avaliação dos estudantes, também não trouxe mais verbas para o hospital, principal argumento utilizado transferência de gestão da UFMS a empresa.

ADMINISTRAÇÃO

A administração do HU reconhece o problema de forma pontual em razão da contratualização com o município e também pela retenção de 30% das verbas para investimentos por parte do Ministério da Saúde em razão dos cortes orçamentários. 

Explica que a falta de medicamentos e equipamentos considerados básicos acontece, na maioria das vezes, em razão da falta de fornecedores, devido ao baixo valor do preço licitado, o que obriga o empréstimo de material em outras unidades, inclusive no Hospital da UFGD. Já hemodiálise ficou com atendimento suspenso por um período devido atraso no pagamento da empresa fornecedora de água, já resolvido.

A direção justifica que a suspensão das obras em dois centros cirúrgicos aconteceu em razão da desistência da empreiteira. Defende avanços como a nova gestão da EBSERH, dentre eles a duplicação de quantidade do quadro de pessoal e investimentos em novas áreas de pesquisa, como de cordão umbilical para o sequenciamento genético e ampliação de leitos da UTI Pediátrica e Adulta. (Editado às 8h40 de 2 de junho para correção de informações)

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