Dinheiro foi repassado na terça-feira

Após o imbróglio envolvendo a Santa Casa e a Prefeitura da Capital – no atraso de parte do repasse da administração para o hospital -, pacientes aguardam ‘na fila’ para realizar cirurgias e temem que os quadros de saúde compliquem-se. A Santa Casa, por meio da assessoria de imprensa, admitiu o problema, mas não soube informar quantos pacientes aguardam pelos procedimentos.

Eduardo Lorenz, 25, sofreu um acidente de trânsito na segunda-feira (7). Ele é ciclista e seguia pela Rua Spipe Calarge, em , quando um veículo cruzou e não o viu. Eduardo, que foi atingido pelo veículo, agora espera para realizar cirurgia parar reconstituir os tendões do pé direito. Desde segunda ele aguarda na Santa Casa. Além da demora, Eduardo afirma que os profissionais tem reclamado da falta de materiais básicos para realizar procedimentos.

Repasse

A Santa Casa havia suspendido cirurgias eletivas no dia 27. São realizados, diariamente, cerca de 50 procedimentos do tipo. De acordo com a assessoria de imprensa o motivo era o atraso no pagamento da contrapartida de R$ 3,2 milhões por parte da Prefeitura que deveria ser feito no último dia 15. O Executivo, por sua vez, alegava que não havia débito.

Após reunião mediada pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual), no entanto, a Prefeitura se comprometeu a enviar o dinheiro na segunda-feira (7). De acordo com a assessoria de imprensa do hospital o repasse foi realizado na terça-feira (8). O dinheiro, conforme explicou o diretor-presidente da Santa Casa, Esacheu Cipriano, custeia o salário dos médicos terceirizados e aquisição de materiais.

Na quarta-feira (9), Eduardo relatou que tinha sido informado sobre 37 pessoas aguarando na fila de cirurgias. Neste sábado, ele ainda não sabe quando irá para o centro cirúrgico. “Estou tomando antibióticos e aguardando a cirurgia. Estou esperando a visita do médico especialista em cirurgias no pé desde quinta-feira (10), pra ele poder dar a previsão da próxima cirurgia”, explicou.

“Não tem materiais para fazer a punção, que é o acesso para o soro e medicamentos. As enfermeiras sempre estão reclamando que está faltando algo”, explicou.

A assessoria da Santa Casa informou que “o acúmulo é dos dias que não estavam normalizados”. Sobre a falta de materiais declarou que “hoje não tem esses problemas, e nem de médico”.

“Essa semana, o que nós fizemos foi a pedir a transferência para alguns hospitais, mas eles não abosorvem, só o H.U [Hospital Universitário] que aceitou”, declarou a assessoria. “Essas cirurgias que estão paradas são de menor complexidade. Todo dia tem na fila, em dias normais, são cerca de 16 cirurgias. Hoje deve ter mais que isso”, afirmou.

Enquanto isso, Altamiro Francisco da Silva aguarda no setor de pré-ortopedia do hospital, no corredor. No último domingo ele conduzia uma motocicleta quando um pedaço de madeira atingiu o pneu do veículo e provocou um ferimento no pé direito. Ele procurou o posto do bairro onde mora e levou três pontos. Os médicos receitaram paracetamol e o mandaram para casa, conforme explicou a esposa do paciente, Fernanda Gonçalves Malbradi, .

“Na terça-feira ele já não aguentava de dor e por isso levei ele para a Santa Casa. Desde então ele está com infecção e esperando para ir para o centro cirúrgico. Todo o dia desde às 11h ele fica em jejum mas falam que não tem previsão de cirurgia. Não está tendo avaliações e está cada dia pior a perna dele”.

Ela afirma que já foi duas vezes na ouvidoria da Santa Casa. “Hoje eles me falaram que iam fazer a cirurgia, mas depois me disseram que se enganaram e que era outro paciente”, contou.

A Santa Casa afirmou que a situação deve ‘voltar ao normal’ entre quarta (16) e quinta-feira (17).