Após decisão do TJ, moradores da Cidade de Deus mandam recado: ‘queremos moradia digna’
Comunidade abriga cerca de 400 famílias
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A decisão do Tribunal de Justiça que suspendeu a remoção de moradores da favela Cidade Deus, não se tornou motivo de comemoração entre as famílias que residem no local. De acordo com eles, embora o comunicado seja um alívio, a redução de tensão se dá apenas a curto prazo, já que o que os residentes realmente querem é moradia digna.
Na Cidade de Deus há quase quatro anos, Janaína, de 27 anos, vive em um barraco junto com o esposo e seus 6 filhos. Para ela, a decisão da justiça foi recebida com bons olhos, pois de acordo com ela, entre continuar na comunidade e ter de reerguer uma nova morada no “terreno alagado” disponibilizado pela prefeitura, ficar é a melhor saída.
“A decisão não é motivo pra comemorar, mas é o melhor por enquanto. O que nós queríamos de verdade é ter um lugar garantido pra morar, já que aqui não podemos erguer nada fixo, porque sabemos que não é nosso”, desabafa.
O aposentado José Geraldo, de 69 anos, afirma que a ineficiência do Poder Público tem o privado de um de seus direitos essenciais: o da moradia. “Nem aqui e nem no terreno que a prefeitura queria nos enfiar é o melhor lugar. Nós não somos bicho. Foi muito errado o que a prefeitura fez. Eles deviam selecionar um terreno melhor, ou nos entregar casas dignas para morar”, desabafa.
Duas moradoras que preferiram não se identificar, relatam que fizeram inscrição na Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) há anos. As duas alegam que não entendem a razão de continuarem a mercê da incerteza, enquanto, segundo elas, residências construídas pelo Poder Público noas bairros Caiobá e Celina Jalad permanecem sem moradores.
“No Celina Jalad e no Caiobá existem casas vazias, ninguém mora. Porque é que eles não nos deixam morar lá, ao invés de nos jogar em um terreno alagado, sem luz nem condições humanas. Desse jeito preferimos continuar onde estamos”, conclui.
Localizada na região sul de Campo Grande, a comunidade abriga cerca de 400 famílias, distribuídas em barracos improvisados, montados com pedaços de madeira bruta, arames e lonas.
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