Só depois de cinco visitas à UPA mãe consegue tratamento para filha

Menina de 12 anos foi diagnosticada com dengue hemorrágica 

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Menina de 12 anos foi diagnosticada com dengue hemorrágica 

Foram cinco dias indo e voltando na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Coronel Antonino, com a filha ‘ardendo’ em febre, vomitando e com fortes dores abdominais. Os primeiros diagnósticos dados pelos médicos eram de infecção intestinal, ou pior, uma simples virose, além de uma enxurrada de remédios para dor, até que um exame de sangue, após uma noite sem dormir, mostrou uma queda drástica nas plaquetas e um quadro clínico crítico, apontando para dengue hemorrágica ou leishmaniose, ambas transmitidas por mosquitos, que se proliferam em água parada e restos de folhas e entulhos.

Depois disso, mais sete dias internada no Hospital Universitário e uma série de exames, que segundo Rosimar Rangel de Oliveira Garcia, de 41 anos, confirmaram que a filha, Ester Rangel de Oliveira Garcia de 12 anos, estava com dengue hemorrágica. “Ela começou a passar mal na sexta-feira (27) e a partir daí levamos ela na UPA três vezes, passaram buscopam e brupromida, para melhorar as dores abdominais e parar com o vômito, mas como não melhorou muito, na terça-feira (1º) o médico receitou dorflex. Foi então que ela piorou de vez, nem dormiu de noite e na quarta-feira (2) de manhã, levamos ela para a unidade de novo, daí o médico pediu um exame de sangue com urgência e viu que as plaquetas dela estavam muito baixas, e já encaminhou para o HU” relatou a mãe.

No hospital, Ester recebeu medicação intravenosa e passou por exames de ultrassom abdominal e de sangue, que apontaram para a doença, mas o resultado definitivo deve sair apenas na segunda quinzena de janeiro. A mãe também comentou que a médica responsável pela menina no HU destacou a imprudência dos profissionais que atenderam Ester na unidade.

“Ela me disse que era um absurdo, um imprudência sem tamanho, receitar aqueles medicamentos, principalmente o dorflex, que agravou o quadro dela. Já pensou no que poderia ter acontecido?” diz a mãe, chacoalhando a cabeça para espantar o pensamento ruim.

A família mora no Bairro Noroeste, bem próximo aterro de entulhos que fica na região, e não conseguiu desvincular a doença ao local, mesmo admitindo que achou focos Aedes Aegypti em seu quintal. “Quando ela ficou doente eu chamei uma agente de saúde aqui, porque fiquei desesperada, nós mantemos tudo limpinho e eu não conseguia imaginar onde poderia ser o foco, até que ela olhou o as minhas plantinhas e viu que tinha água nos pratinhos, e achou, mas agora não tem mais nada. O que não diminui o problema, porque esse lixão aí é um horror, não tem como combater isso”, analisou.

A gerente da UBSF (Unidade Básica de Saúde Familiar) Noroeste, Keila Barreto Araújo também citou o local como sendo o ponto mais crítico do bairro, que atualmente apresenta a maior incidência de casos de dengue em Campo Grande. Segundo ela, nas últimas semanas o posto tem registrado uma média de 3 a 4 atendimentos suspeitos por dia. “Antes a gente não fazia atendimentos desse tipo, e ainda fazemos pouco, porque a maioria dos moradores procura com os sintomas da doença, vai direto as UPAS”, disse.

Keila também comentou que a unidade já registrou dois casos suspeitos de zika vírus e um de chikungunya, que também são transmitidos pelo Aedes Aegypti. Para combater o mosquito, toda a equipe da UBSF, entre enfermeiros, médicos e agentes de saúde, têm feito campanhas pelo bairro, como blitz educativa, visita aos comércios e palestras diárias de orientação e prevenção das doenças. “Durante as visitas nós encontramos em um lava-jato, uma verdadeira fossa de pneus. O proprietário abriu um buraco e começou a jogar os resto la dentro, e não tapou isso direito. Então imagina, eram centenas de larvas e mosquitos. Foi horrível, mas o dono se comprometeu a limpar e já fez isso”.

A gerente ainda concluiu, dizendo que as pessoas estão começando a acordar para o problema, e entendendo que o mosquito é realmente mais perigoso do que a eles imaginavam. “Diariamente recebo denúncias, com endereços de lotes abandonados e casas sujas. Eu acho que estamos começando a ter uma mudança de postura”, concluiu.

A Prefeitura foi procurada pela equipe de reportagem, mas ainda não respondeu nossos questionamentos sobre o preparo dos profissionais durante períodos de epidemia. 

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