Para quem vive nas favelas de Campo Grande, o sonho é ter casa própria
Deficit habitacional é de 50 mil casas
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Deficit habitacional é de 50 mil casas
O sonho de qualquer pessoa é poder ter sua casa, seu ‘canto’, e para alguns só a esperança para manter aceso o sonho de um dia poder conseguir realizar o mais difícil e talvez inalcançável: a casa própria.
Mas, para os moradores das três favelas em Campo Grande a esperança é a única forma de manter-se em pé e continuar a luta de todo dia. Dayane Cristina, de 21 anos, mãe de uma menina de 3 anos tem o sonho de ter seu ‘canto’, como fala. “Queria uma casa, um canto para mim e para minha filha”, diz a jovem, que está desempregada e não tem como pagar por um aluguel.
Em um pequeno espaço de terreno moram três famílias, a de Viviane, sua mãe, que também por questões financeiras acabou deixando o conforto de uma casa, no Guanandi, e sua irmã Dayane Cristina, de 21 anos. “A gente não dorme quando chove com medo do vento derrubar os barracos ou pegar fogo por causa da fiação elétrica”, ressalta.
Esse medo e esperança também são compartilhados pelos moradores da Favela Cidade de Deus, como é o caso da dona de casa Letícia de Paula, de 30 anos, que sonha um dia em sair da favela. “Eu tenho esperança de um dia poder ter minha casa. Sair deste lugar e dar um lar para meus filhos”, fala com olhar baixo e certa tristeza ao relatar a dificuldade pela qual passa ao morar em um lugar sem infraestrutura.
Em um barraco de apenas dois cômodos, Letícia vive com o marido, que trabalha como catador no lixão e com os três filhos, e diz que sente falta de ter uma casa. “Isto aqui não é vida. Ainda vou ter minha casa”, fala. Outra moradora que não perde a esperança de um dia poder viver com dignidade é a dona de casa, Miriam Salviano, de 42 anos, mãe de quatro filhos, e moradora da favela há 2 anos e 8 meses. “Quero uma casa e não vou desistir de ter meu canto”, explica.
Para entender melhor como funciona o processo para aquisição da casa própria, através de programas sociais como o “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, o então diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande), Enéas José de Carvalho, explicou à equipe do Jornal Midiamax as implicações para quem invade um terreno público.
Segundo Enéas, quando se invade uma área pública, as pessoas ficam inabilitadas pelo período de quatro anos no processo de seleção dos programas. “Os programas sociais são exclusivos para aquelas pessoas que se encaixam no perfil determinado pelo governo federal, não podemos furar filas e passar estas pessoas na frente”, explica Enéas.
De acordo com ele, para estes casos precisam ser atendidos por um programa diferente e verbas diferentes do Programa Minha Casa, Minha Vida, verbas vindas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como foi feito em 2013 na remoção das 213 famílias que inicialmente estavam morando na Favela Cidade de Deus.
Enéas ressalta que as regras são claras para quem se inscreve na Emha para obter uma casa própria.
1 – Renda familiar de até R$ 1.600;
2 – Mulheres chefes de família;
3 – Deficientes e;
4 – Áreas de risco
“As regras são claras, quando invadem terreno público automaticamente ficam inabilitados por quatro anos, então não adianta invadir achando que vai conseguir uma casa própria, por que só vai deixar o processo mais lento”, avisa.
Segundo dados da Emha desde 1991 a inadimplência de quem consegue uma casa própria, através de programas sociais já chegou até o segundo semestre deste ano em R$ 46 milhões de reais. “Com este dinheiro poderíamos com recursos próprios construir mais cinco mil unidades/ano, o que diminuiria o tempo de espera de muitas pessoas”, explica Enéas.
Enéas ainda fala que a arrecadação da agência subiu de R$ 300 mil/mês para R$ 469 mil depois das notificações enviadas aos mutuários. “A demanda por casa é sempre crescente, e o hoje o deficit habitacional é de 50 mil”, fala.
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