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Cotidiano

Para quem vive na rua, cuidados e documento resgatam cidadania

Ação social no Cetremi levou serviços básicos
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Ação social no Cetremi levou serviços básicos

Os -pessoas que estão de passagem por –  e moradores de rua foram atendidos na manhã desta quinta-feira (20), em uma ação social no Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento ao Migrante), em Campo Grande. Eles tiveram acesso a serviços básicos de saúde como aferição de pressão, teste de glicemia e testes rápidos de DSTs. Entre os vários atendimentos oferecidos, dois chamaram a atenção por conta da procura: o corte de cabelo e a emissão de documentos.

De acordo com a coordenação do Cetremi, na noite de quarta para quinta-feira (20) dormiram no local 27 migrantes. Entre eles, vários relataram as dificuldades que enfrentam pela falta de documentos. “perdi”, “me roubaram tudo” são os motivos para estarem sem a documentação, que complica e muito a vida.

Sem o RG não conseguem se cadastrar em nada e ficam sem a possibilidade de conseguir um emprego de carteira assinada. Já na hora do corte de cabelo, o cantinho nos fundos do Cetremi se transformou em uma barbearia. A conversa corria solta entre os que esperavam e quem estava cortando o cabelo. Uma coisa, simples, que deu vida a vários dos migrantes.

O jovem Alex Moreira da Silva, de 26 anos, era possivelmente o mais estiloso do Cetremi. Com camiseta de marca famosa, óculos de sol, boné, tênis e fone de ouvido, ele conta que ainda estava tirando os documentos pessoais. Vivendo na rua desde os 14 anos, com passagem pela polícia e ex-dependente químico, ele diz que nunca votou e que só recentemente pegou o certificado de reservista.

“É da hora aqui. Gosto desse lugar desde que entrei e encontrei uma família que não tinha. Tem amizade, companheirismo. Eu fui convidado para ir em um congresso para falar com que é usuário. Vou falar junto com os guarda municipais. Eles [os guardas] que me pegavam e me batiam. Imagina isso?, questiona”.

“Vou no dentista que eu vou sair com sorriso verdade. Vou sair lindo”, é o que diz Adão Ribeiro, de 53 anos. Seu Adão, como é chamado, é um dos mais queridos do Cetremi. Todos que passavam por ele, brincavam: vai ficar famoso. Ex-garçom com problemas com bebidas alcoólicas, ele diz que depois que foi para o local, a vida melhorou 1.000%. Ele é um dos exemplos de que roupa limpa, comida e um simples banheiro fazem toda a diferença na vida das pessoas.

“Depois que eu tomei banho, olhei no espelho disse: tô até mais ”, diz relembrando quando saiu das ruas e foi para o Cetremi.

Trabalho é o que mais quer Daniel Pereira, de 59 anos. “Anota ai o meu número para colocar no jornal se alguém quiser me contratar: 9220-9295. Eu trabalho com reforma, alvenaria, pintura e azulejo”, diz fazendo marketing pessoal. Daniel está há duas semanas no Cetremi e diz que que morava em um quarto, mas atrasou o aluguel por dois meses.

Pereira diz que o dono dos quartos expulsou vários moradores que tinham envolvimento com bebida e drogas e ele, sem dinheiro, teve que ir embora. Agora, vive no Cetremi e procura uma oportunidade.

Roberto Wagner dos Santos Júnior,aguardava os atendimentos de saúde para ver se participaria de algum, mas a expectativa era realmente conseguir uma passagem para voltar para Embu das Artes (SP) e “reconstruir a vida”. Mostrando os três pinos na mão, Roberto diz que passou dois meses no hospital e 20 dias em coma, após um acidente de motocicleta.

E até o amor nasceu no Cetremi. Alana Bussolaro, de 21 anos, esperava pela hora do café da manhã e diz que conseguiu registrar boletim de ocorrência de extravio de documentos para conseguir tirar segunda via na cidade de origem. Cuiabana, ela diz que conheceu um rapaz do Paraná e que os dois estavam de passagem por Campo Grande, quando começaram as brigas. “Ele foi embora e eu fiquei aqui. Depois conheci o Luciano, aqui mesmo [no Cetremi] e a gente está junto. Vou na frente [para Cuiabá] e depois ele vai, porque lá vai ter trabalho. Agora é pra sempre”, diz.

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