Para quem tem a lona como teto, chuva e tempo frio são anúncios de noites em claro
Doações de roupas e cobertores são bem-vindas na Cidade de Deus
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Doações de roupas e cobertores são bem-vindas na Cidade de Deus
Faz 10°C em Campo Grande. Vestidos com bermuda, chinelo e moletom, Matheus e Kauã arrastam um pedaço de lona em uma carriola. É dia de festa; aniversário de 10 anos de Matheus. A comemoração será na casa da tia, no barraco da rua de trás. Poderia ser no seu, mas em dias de chuva o medo do vento forte faz com que os moradores da Cidade de Deus se abriguem sob os tetos – ou lonas – mais firmes da comunidade.
O vento e a garoa derrubam a temperatura e a sensação térmica é de uns 5°C, nada que desanime os meninos que seguem apressados com um guarda-chuva na mão. “Vai ter refrigerante e salgado. Para ficar quentinho a gente fica lá dentro. Daí não dá para convidar todo mundo”, diz o menino que como presente gostaria de ganhar uma bicicleta ou um carrinho de controle remoto.
Para sua tia, Elizangela Guimarães, 39 anos, o sonho vai um pouco mais longe: uma casa. Há dois anos ela vive com a neta e um dos filhos na Cidade de Deus. Por ali, a vida é tranquila. O dia a dia de trabalho e as tarefas domésticas quase a fazem esquecer que vive em uma favela. Exceto nos dias de frio. Nestes, o ruído do vento balançando as lonas não permitem que ela durma. “São dois anos vivendo aqui. A gente se acostuma, né? Mas quando chove o medo é muito grande. Medo de perder tudo, de ventar e destelhar, do frio, de tudo”, conta. E é claro que a gente sonha em estar em casa. Com tudo quentinho”.
Na quarta-feira (9), o vento forte que atingiu Campo Grande, destelhou muitos barracos e arrastou lonas por lá. “Teve gente que perdeu muita coisa. Aqui não tem barraco seguro não”, explica Rozinete Rodrigues de Menezes, 35 anos. Ela mãe de cinco filhos e sofre com as goteiras que tomam conta da sua casa, uma delas, molha a cabeceira da cama de seu filho de 11 anos. “Colocamos a banheira do bebê para não molhar ele. Mas como a cama já é pequena, a banheira tomou a metade do espaço.”
Sobre o telhado, a família improvisou alguns bancos para impedir que a lona voe. “Durante a madrugada a gente fica ouvindo o barulho. Qualquer coisa a gente já levanta assutado, com medo de que seja o nosso barraco. Quem segura o nosso barraco é Deus”, lamenta.
O sentimento é compartilhado por Lidiane da Conceição da Silva, 24 anos. Mãe de cinco filhos, ela também “não pregou os olhos durante a noite”. Com medo da chuva, ela mudou todos os aparelhos eletrônicos de lugar. “Na última chuva molhou aqui dentro e deu curto, quase pegou fogo em tudo. Ainda bem que meu irmão estava aqui e percebeu. Depois disso, nós nunca mais ficamos tranquilos”, lamenta.
Lidiane é uma das primeiras moradoras a chegar por aqui. Também já se habituou a vida na favela, mas sempre que pode sonha acordada com a casa que um dia terá. “Não faço muitos planos, não. Só espero que seja melhor do que essa aqui. Já está bom. Sem goteiras, sem vento”, conta quando é interrompida pelo filho de 8 anos. “Podia ter aquela cano que sobre assim e deixa quente, né mãe?”, um aquecedor, nos explica o sonho do filho.
Enquanto a casa não chega, cobertores e agasalhos que possam manter seus filhos aquecidos já são grandes conquistas. “Nós não estamos preparados para este frio. A gente sente bastante, as crianças principalmente.” Quem quiser doar roupas de frio, lonas ou cobertores, podem entrar em contato pelo número 9179-6418 ou ir à comunidade que fica no Bairro Dom Antônio Barbosa.
O impasse por lá acontece desde o ano passado. Chegou-se a cogitar a transferência dos moradores para o Jardim Noroeste, mas a ideia não foi levada adiante e as 400 famílias que vivem ali ainda esperam por solução.
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