Os homens argentinos são os mais barrigudos da América do Sul
Mais de 60% da população hoje tem sobrepeso
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Mais de 60% da população hoje tem sobrepeso
Muita carne, biscoitos e refrigerantes, Pouca fruta, verdura e quase nada de exercícios. Assim é a dieta dos argentinos.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) divulgou recentemente um mapa do sobrepeso e da obesidade no mundo. O estudo analisou dados de 2014 de 193 países, entre eles o Brasil. O mapa confirmou o que já se sabia: América do Norte e Europa são as regiões com mais problemas relacionados à alimentação desbalanceada. Mas a pesquisa mostrou também como essa “epidemia de gordura” avançou na América do Sul e principalmente nos países do Cone Sul.
Na Argentina, no Chile e no Uruguai, as três nações mais austrais do subcontinente, mais de 60% da população hoje tem sobrepeso. O mesmo ocorre na Venezuela. No Brasil, o índice é de 54%.
Em 2010, ano da medição anterior, Argentina e Uruguai estavam abaixo do patamar de 60%, o que mostra como a situação piorou.
O quadro mais grave na região é entre os homens, já que os três países do Cone Sul lideram o ranking regional de sobrepeso e obesidade.
Lembrando que sobrepeso é considerado quando o IMC (Índice de Massa Corporal) fica entre 25 e 30. No caso de obesidade, o IMC é superior a 30. O IMC é um indicador simples da relação entre peso e altura: calcula-se dividindo o peso de uma pessoa em quilos pela altura elevada ao quadrado (kg/m2).
A Argentina está no topo da lista: tanto em 2010 como agora, é o país com maior porcentagem de homens gordos e obesos.
O churrasco –a famosa ‘parrilla’ argentina– é muito popular no país vizinho, um dos mais carnívoros do mundo.
Segundo a OMS, 63,9% dos homens argentinos têm sobrepeso, ante 63,2% dos homens chilenos, 62,4% dos uruguaios e 61% dos venezuelanos. No Brasil, o mesmo índice é de 55,6%.
Para obesidade, o índice entre homens argentinos é de 23,6%, acima dos chilenos (23,3%), uruguaios (22,5%) e venezuelanos (20,3%).
Paixão pelo churrasco
A revelação destoa um pouco da imagem tradicional do argentino vaidoso e preocupado com a aparência. No entanto, ao analisarmos o que os argentinos comem, os problemas de peso não parecem tão surpreendentes.
Cada argentino consome, em média, quase 59 kg de carne por ano, segundo a Câmara de Indústria e Comércio de Carnes e Derivados do país vizinho. É um dos índices mais altos do mundo. Para piorar, os argentinos não chegam a comer nem a metade da quantidade de frutas e verduras recomendada por nutricionistas.
Os argentinos são viciados em biscoitos doces e comem poucas frutas, segundo a Sociedade Argentina de Nutrição. O consumo médio no país é de 193 gramas diários, quando o recomendado são 400 gramas.
Pesam ainda dois “vícios” perigosos e comuns no país: os biscoitos recheados e os refrigerantes.
Os argentinos comem 15 quilos de biscoitos doces por ano, um volume muito superior ao do restante do mundo, segundo a instituição de nutrição.
E a Argentina ainda lidera o consumo de refrigerantes no varejo, com 131 litros per capita, segundo divulgou em 2013 a consultoria Euromonitor.
Falta de variedade, abundância e sedentarismo
A variedade reduzida de alimentos na Argentina também contribui para o cenário. Enquanto o aconselhável é um consumo mínimo de 20 alimentos diferentes por semana, os argentinos não comem mais do que 15, segundo Mônica Katz, da Sociedade Argentina de Nutrição.
“Não há cultura de comer variedades de frutas e verduras. Consomem-se 58 quilos de tomates por ano, mas apenas 300 gramas de aspargos”, afirmou a especialista, que atribui a tendência aos costumes e à falta de incentivos à alimentação saudável.
Os argentinos consomem uma média recorde de refrigerantes: 131 litros por ano.
Há também superoferta de comida: enquanto o ser humano precisa de 2.000 a 2.500 calorias diárias, a Argentina produz mais de 4.000 calorias diárias por habitante.
“O país tem cerca de 40 milhões de pessoas e pode alimentar 440 milhões”, disse Katz.
Segundo a nutricionista, o frio também incentiva o consumo de alimentos pouco saudáveis, e nesse sentido os altos índices de sobrepeso e obesidade nos países mais ao sul do continente não são coincidência.
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