Mudança na regra sobre extintor irrita donos de carros e preocupa lojistas

Equipamento deixa de ser obrigatório no país

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Equipamento deixa de ser obrigatório no país

O uso do extintor de incêndio ABC não será mais obrigatório em veículos de passeio, segundo decisão do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) divulgada na tarde desta quinta-feira (17). A medida deixou os lojistas de Campo Grande preocupados. O equipamento, que seria obrigatório a partir de 1° de outubro, já tinha sido trocado por muitos motoristas, que ficaram irritados com a notícia.

A obrigatoriedade do extintor já tinha virado polêmica na cidade. Falta de disponibilidade do equipamento, preços nas alturas e vários adiamentos. Na última decisão, o item de segurança começaria a ser exigido em outubro. No entanto, a medida de hoje diz que não mais será considerada infração, nem resultará em multa a falta do extintor.

Segundo o Contran, o fim da obrigatoriedade do extintor para carros começa a valer a partir da publicação da resolução, que deve ocorrer nos próximos dias.

Como o prazo se aproximava do fim, muitos campo-grandenses já tinham comprado o equipamento. Se os motoristas não o tivessem, a multa era de R$ 127,69, infração grave.

A equipe do Jornal Midiamax ouviu os motoristas de Campo Grande sobre essa decisão. A empresária Kedyma Akamine, 33 anos, afirmou que o esposo dela investiu nos extintores para os carros da casa. Ela ficou indignada com o fim da obrigatoriedade. “É um dinheiro, praticamente, jogado fora. Se não fosse pra comprar deviam ter avisado antes”, afirmou ela.

Kedyma contou que uma amiga sua já teve que usar o extintor em um início de fogo no motor do carro e, segundo ela, o equipamento não funcionou. “Deve ser por isso que não é mais obrigatório. O extintor não funcionou”, explicou ela.

Na opinião da advogada, Rilsis Bustos, 40 anos, é um dinheiro gasto àtoa. “Nos costumamos nos privar para comprar coisas obrigatórias, agora não é mais preciso”, disse ela.

O empresário Bráulio Schneider, 30 anos, já tem o extintor ABC. “Eu comprei o carro e ele já veio junto”. No entanto, para ele “vão inventar outra coisa obrigatória pra cobrarem da gente”.

Indignação também para quem não investiu no equipamento, mas soube da notícia. O caixa Bruno Fleitas, de 21 anos, não comprou o equipamento, mas acredita que os que fizeram a troca devem ter ficado muito chateados. “Quem comprou se lascou”, disse ele. 

O vendedor Iohan Zukeram, 22 anos, afirmou que já tinha comprado o extintor, “antes de ter essa obrigação”. Para ele é indiferente essa situação, mas Yohan disse que ficaria muito nervoso se tivesse que investir no equipamento. “Eu acho que, agora, as vendas do extintor devem cair muito”, conclui.

A insatisfação chegou aos lojistas que vendem o equipamento. O gerente da MS Extintores, Paulo Sérgio, não gostou da medida e até entrou em contato com fabricante Resil buscando informações sobre a veracidade das notícias. “Eles disseram que também não foram comunicados da decisão, e ficaram super insatisfeitos. O representante da empresa disse que vai a Brasília pedir explicações, e deve recorrer da decisão, porque eles teriam um prejuízo de mais de R$ 1 milhão”. Na loja o movimento continua intenso, sendo calculado um prejuízo de R$ 60 mil caso os donos de carros de passeio parem de procurar pelo produto.

A funcionária da Extinpasa Extintores, Flaviana Lima, se surpreendeu com a notícia, mas explicou que na loja o movimento ficou mais ameno depois do primeiro prazo que vencia em janeiro. “No início do ano a correria foi grande, chegamos há ficar três meses sem extintor aqui, mas agora a situação se normalizou e a procura diminuiu um pouco”, explica a funcionária.

Polêmica

A exigência passou por diversos adiamentos. A multa pela falta do extintor começaria em 1º de janeiro deste ano, depois o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) adiou para abril, julho, e, por fim, outubro. 

O equipamento também tinha estoque suficiente. Muitos motoristas ficaram dias sem encontrar o extintor, que chegou a custar R$ 150,00 em fevereiro deste ano, segundo pesquisa na Capital

Outro problema verificado em Campo Grande foi à dúvida sobre a eficiência do equipamento. Casos deste ano mostraram em mais de 10 veículos que pegaram fogo, quando foi utilizada carga ABC, o resultado foi negativo. 

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