Morador sinaliza buracos e protesta contra crise política em Campo Grande

Morador ‘atribuiu’ buracos à troca de prefeito e à corrupção na Capital

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Morador ‘atribuiu’ buracos à troca de prefeito e à corrupção na Capital

A Avenida Três Barras mais parece um percurso de um jogo de videogame. Buraco atrás de buraco para o motorista desviar. Respiro de uma ou duas quadras e em seguida uma sequência de seis crateras. Revoltado com o descaso do poder público, morador da região sinalizou  buracos  com um círculo branco e escreveu frases de protesto no asfalto,  nesta quinta-feira (1).

Entre os buracos sinalizados, aparecem palavras ou frases como “corrupção”, “IPVA” e “Café dos vereadores”, em alusão à Operação Coffee Break, deflagrada no fim de agosto pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que investiga eventual compra de votos de vereadores na cassação de Alcides Bernal (PP), ocorrida em março do ano passado.

Desde que a operação teve início, o então prefeito Gilmar Olarte e o então presidente da Câmara Mario Cesar (PMDB) foram afastados, além de diversos vereadores e empresários que são investigados.

A equipe de reportagem do Midiamax foi até a Três Barras e conversou com quem usa a avenida. O atendente Rafael Henrique, de 26 anos, que trabalha em uma loja na avenida, conta que as sinalizações e as palavras  foram escritas durante o almoço. “Voltamos do almoço e já estava ai. É claramente uma crítica a essa crise política, à troca de prefeito e aos problemas da cidade”.

Segundo Rafael, a Três Barras nunca teve problema com buracos. “Chovia, abria o buraco, mas recapeavam rapidamente. Agora já faz uns três meses que está assim”.

O atendente conta que os buracos em sequência têm feito muitas vítimas. Na manhã desta queinta feira (1º) ele testemunhou um motociclista, que caiu em um buraco, estourou o pneu da moto e quebrou o tornozelo. “Ele foi desviar de um buraco e caiu em outro. O Samu teve que vir atender ele”.

Sobre as frases pintadas no asfalto, Rafael admite. “É a realidade. Roubam e não fazem nada. Tem dinheiro para outras coisas, mas para o básico não tem”.

A diarista Edilaine Alves, de 33 anos, também compactua com Rafael. “É uma vergonha. Esse protesto só mostra o quanto a população está indignada. Mostra a resposta do povo”.

Entregador que não quis ser identificado e que passa pela via diariamente declarou que os buracos tomaram conta do local. “Está difícil dirigir na Três Barras. Agora pelo menos dá para ver melhor os buracos. Ficou o buraco preto com o contorno em branco”, brinca.

‘Capital dos buracos’

Quem trafega pelas ruas de Campo Grande percebe logo que várias regiões estão cheias de buracos, e não pequenos buracos, mas sim verdadeiras ‘panelas’ que acabam sendo sinalizadas pela própria população com galhos de árvores, pneus e pedras.

O proprietário de um lava-jato na Rua Dos Vendas, esquina com a Rua Joaquim Murtinho, sinalizou com galhos de árvores um buraco na frente de sua loja.

A equipe do Jornal Midiamax percorreu algumas ruas da cidade e constatou vários buracos espalhados, como na Rua das Amapolas, e Rua do Ypê, no Jardim Joquei Club, na região sul.

Na Rua Rui Barbosa não é diferente, vários buracos estão espalhados pela via, como também na Rua Professor Severino Ramos de Queiroz com a Rua Sebastião Lima. O mesmo acontece na Avenida João Arinos, na Chácara Cachoeira, onde os condutores precisam redobrar a atenção, visto a quantidade de buracos na pista, que ficam no cruzamento com Rua Porto Nacional.

Na Avenida Eduardo Elias Zahran com a Rua Santana, uma cratera se formou junto ao meio fio, colocando em risco a segurança dos condutores que seguem pela pista da direita, no sentido shopping-Avenida Costa e Silva. Na Avenida Bandeirantes com a Rua 26 de Agosto, três buracos já estão virando assunto entre comerciantes e clientes. Já na Avenida Gury Marques, depois da rodoviária no sentido bairro-centro, dois buracos na faixa da direita colocam condutores em perigo.

Tapa-buraco suspenso

Sobre a operação tapa-buraco, assim como recapeamento das vias, vale lembrar que os serviços foram suspensos no dia 10 de setembro, pelo prazo de 90 dias, junto com os pagamentos a fornecedores ou prestadores de serviços, considerados não essenciais pelo prefeito Alcides Bernal.

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