Mulheres são maioria no país, mas continuam sofrendo preconceitos
No Brasil elas são a maioria, somam mais de 103,5 milhões e representam 51,4% da população, mas apesar disso, as mulheres ainda enfrentam muito preconceito pelo simples fato de serem mulheres. A fim de chamar a atenção da sociedade, uma campanha ganhou espaço nas redes sociais com a hashtag “meuamigosecreto”, elas rasgaram o verbo e relataram inúmeras situações de discriminação por gênero.
No Facebook, ao menos cinco comunidades foram criadas. Em todas elas, mulheres de diferentes, idades, classes sociais, profissões e crenças relatam situações de assédio moral, sexual, além de, diferentes tipos de violência. As discriminações ocorrem em circunstâncias eventuais e nos órgãos públicos de Mato Grosso do Sul não é diferente.
“#meuamigosecreto tem a mesma profissão que eu; sabe o mesmo tanto quanto eu; estudou o mesmo que eu; nosso juramento é o mesmo, salvar vidas, mas pelo fato de sermos de sexo diferente ele acha que é mais inteligente, mais forte e talvez até imortal”, diz a policial militar Morgana Hadlich.
Há 18 anos na corporação da Polícia Militar, onde existem 4.980 homens e 496 mulheres, a policial que atualmente ocupa o cargo de assessora de comunicação do BPTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito) diz que no início da carreira foi discriminada por populares e colegas de trabalho.
“Essa situação está mudando, já foi pior. Havia muito preconceito, mas com o passar dos anos, vieram novas turmas e o pensamento foi mudando também, mas ainda assim de vez enquanto lidamos com homens que pensam que as mulheres são mais frágeis e podem se prevalecer, mas é aí que se enganam”, afirma.
Uma das situações que mais chamou a atenção foi a vivenciada durante uma blitz. Ela relata ter sido desacatada ao autuar um motorista “Estava em uma blitz, abordei um condutor embrigado e quando eu iria fazer os procedimentos e ele falou: vai ter multa com batom benzinho? Expliquei que ele também poderia ser autuado por desacato. Tenho certeza que não faria nenhum gracinha se fosse um policial homem”, frisa.
A soldado Lorena de Oliveira, que está há nove anos na corporação da Polícia Militar aproveita a deixa para se manifestar a respeito de situações de discriminações por gênero e assédio moral.
“#meuamigosecreto se acha mais forte porque é do sexo oposto, mas se engana porque embora a aparência da mulher seja mais frágil, somos mais fortes, trabalhamos tanto quanto ele e temos várias jornadas. Somos mães, mulheres donas de casas e policiais”, destaca.
“Ouvimos algumas vezes comentários em relação ao gênero. Pelo fato de a mulher ter o físico mais frágil sofre algumas discriminações”, lamenta a soldado.
À frente da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja Roca, também aproveitou a campanha para se posicionar. “#meuamigosecreto fala para todo mundo que as mulheres devem sim ter direito, mas não quer que elas ocupem cargos de poder e decisão, como cargos políticos e acha que elas devem satisfazer as vontades dos homens”.
Na última quarta-feira (25), os deputados estaduais aprovaram o Projeto de Lei que institui a data de 25 de novembro como o “Dia Estadual de Mobilização pelo Fim da Violência contra a Mulher”. Na ocasião devem ser realizadas ações de mobilização, palestras, debates, encontros, panfletagens, eventos e seminários visando o enfrentamento à violência contra a mulher.
As atividades devem estender-se até o dia 10 de dezembro, instituindo no calendário oficial do Estado a campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher”. No mais, as mulheres continuam mostrando competência e lutando por seus direitos e denunciando sempre os inúmeros amigos secretos.