Ex-funcionários da Intel estão há sessenta dias sem receber um centavo

Funcionários da , de propriedade de João Baird, um dos envolvidos na Operação Lama Asfáltica,  estão há dois meses sem salários, desde que a Prefeitura rompeu o contrato com a empresa, atendendo a recomendação do MPE (Ministério Público Estadual), diante das suspeitas de irregularidades em contratos com o governo do Estado.

Baird, juntamente com o dono da Proteco Construções, João Amorim, é investigado pela Operação Lama Asfáltica da Polícia Federal. A apuração gira em torno de possível esquema fraudulento entre o Poder Público e tais companhias.

A Prefeitura mantinha contrato com a Itel desde 2009 e reaproveitou alguns dos trabalhadores. Cerca de 240 ficaram sem emprego, sem salário e sem respostas. Confira abaixo depoimento de duas delas.

As entrevistadas terão a identidade preservada, porque temem represálias.

Vai ter ceia?

“Não sabemos se teremos ceia de Natal”. Esta é a situação dos mais de quarenta funcionários da Intel que estão sem receber da empresa deste setembro. Funcionária relatou o desespero de todos, que estão há dois meses dependendo da ajuda dos outros.

“O último salário que recebemos já estava atrasado. Depois disso, não recebemos mais nada”, conta. Os funcionários entraram em acordo com a empresa em setembro, aceitando que eles pagassem os salários parcelados, em três vezes, outubro, novembro e dezembro. Aceitaram ainda diminuir a multa da rescisão de contrato de 100% para 50 %.Funcionários de empresa de João Baird dizem que estão sem salários há 2 meses

“Achamos que íamos receber o dinheiro mais rápido. Quem não foi para a Prefeitura está em casa, sem salário, sem nada. A empresa vai entrar em recesso e estamos sem previsão de quando vamos receber. Só somos informados que devemos esperar”, relata a funcionária.

Perguntada como estão fazendo para sobreviver, ela revela que todos estão dependendo da ajuda dos outros. “Estamos dependendo da ajuda dos outros para pagar as contas, para comer. Ficamos devendo. Não temos dinheiro para nada”.

Mãos atadas

Outra funcionária partilha do mesmo drama. “Já era para ter cortado água e luz aqui em casa, meu sogro veio e pagou. Todos estão passando por isso”, afirma. Como o acerto ainda não veio, ela diz estar com a sensação de que trabalharam de graça.

A funcionária destaca ainda que o grupo está de mãos atadas. “A Intel só fala para a gente esperar, para aguardar data de audiência. Estão segurando nosso seguro desemprego e o fundo de garantia. Pelo menos isso podiam liberar logo”.

O sindicato da categoria empurra o problema para o advogado, que também diz que é preciso esperar, segundo a funcionária. “Esperar, esperar. O problema é que estamos esperando sem dinheiro para sobreviver. É preciso que resolvam esse impasse”, clama.

A reportagem não conseguiu contato com a Itel Informática, nem com o sindicato responsável pelos funcionários, o SPPD-MS (Sindicato dos Profissionais de Processamento de Dados e Tecnologia de Informação de Mato Grosso do Sul).