Federação não concorda que Medalha Tiradentes seja dada ao militar da reserva

A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) emitiu uma nota de repúdio ao oferecimento da Medalha Tiradentes, da Polícia Militar, ao deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro.

O parlamentar foi indicado pela Associação dos Oficiais Militares de Mato Grosso do Sul para receber a honraria e a associação afirma que ele é um ‘grande defensor das polícias militares do Brasil e de seus integrantes’. A entidade revela que o parlamentar serviu o Exército Brasileiro no município de Nioaque, como capitão, entre os anos 1979-1981, durante o período de ditadura militar.

Confira a nota da Fetems

“Quem é Jair Bolsonaro e o que fez para merecer tal condecoração?

O “nobre” deputado Federal é o que reiteradamente tem afirmado em entrevistas à mídia nacional e na Câmara que: Se pegasse o seu filho fumando maconha o torturava; Que não entraria num avião pilotado por piloto que tenha sido cotista de uma universidade e nem seria operado por médico cotista (negro ou índio); Que não permitiria que o seu filho namorasse uma negra, já que isto é promiscuidade; Que só tortura e pau de arara servem para presos ‘abrirem o bico’; Que a ditadura militar deveria não apenas ter torturado, mas também ter matado pessoas, incluindo como alvo desta tortura e morte o ex- presidente, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, o mesmo partido do governador de MS; Disse ainda que mulher bonita pode ser estuprada sim, as feias não e para finalizar a lista utilizou-se da tribuna da Câmara dos Deputados para chamar uma deputada federal de vagabunda, agressão comum e trivial numa sociedade machista.

Nestes relatos se vê claramente a apologia doentia à violência de modo geral, sexual e física, ao preconceito racial, de gênero e à tortura, por parte de agentes do estado ou contra os próprios filhos por parte dos pais, tanto que este cidadão acabou de ser condenado em R$ 150.000,00, pela Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por declarações homofóbicas.

A condecoração a Jair Bolsonaro envergonha Mato Grosso do Sul. O atual Governo fez questão de criar uma Secretaria denominada de: “Direitos Humanos, Inclusão Social e Assistência Social”, dirigida pela atual vice-governadora, Rose Modesto (PSDB), dessa maneira parece que ações assim são somente “para inglês ver”.

A tortura que, Jair Bolsonaro, prega como forma de atuação policial, é abominável, logo não poderia encontrar eco e guarita nos órgãos de segurança pública de Mato Grosso do Sul. Espera-se que o pensamento de Bolsonaro não seja o método de atuação da força policial de MS.

Infelizmente os promotores que atuam no combate à violência da Mulher e defesa dos Direitos Humanos conhecem bem os resultados do pensamento de Jair Bolsonaro.

A vice-governadora, ao se calar perante esta condecoração, demonstra que o tal “Direitos Humanos”, consta apenas no título do cargo que ocupa e na fachada do prédio que está sua Secretaria. Nada mais do que isto.

O mais grave é que o governador, Azambuja, jurou cumprir a Constituição Federal no seu ato de posse.  Deveria saber que esta Carta Magna diz que homens, mulheres, negros, brancos, índios, amarelos, héteros e homossexuais, são iguais conforme seu artigo 5º. Também deveria saber que este mesmo 5º artigo da Constituição diz expressamente que ‘ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante’ como defende abertamente seu condecorado especial, Jair Bolsonaro.

O atual governador foi deputado, juntamente com Jair Bolsonaro, logo presenciou o conjunto de asneira ditas por ele na tribuna da Câmara Federal. Não há como alegar ignorância.

O deputado Bolsonaro somente prega sua ideologia reacionária porque a Constituição Federal e a Democracia (que ele tanto odeia e despreza) garantem a ele o direito de livre pensamento. Todavia nossa Constituição e a razoabilidade democrática não autorizam o governador, Reinaldo Azambuja, a condecorar uma pessoa com uma índole deste porte. Com isso o Governo comete um erro grave e uma agressão frontal àqueles que acreditam num mundo, justo e fraterno. Esta condecoração é um desserviço e um retrocesso nas políticas de Direitos Humanos do Brasil e do Mato Grosso do Sul. Os que militam nesta área sabem do que estou falando.

Um governo somente é de mudanças se os seus atos forem de mudanças. No presente episódio se houve mudanças, as mudanças são para o pior. No caso é um ato de retrocesso.

Até 21 de Abril, data da suposta homenagem, ainda não confirmada, há alguns dias para corrigir este erro. Se insistir nele pode-se dizer que, Jair Bolsonaro, pelo menos expressa publicamente suas asneiras, ao contrário daqueles que na campanha política pregam uma coisa, mas no exercício do cargo praticam outra.

Tiradentes foi enforcado e esquartejado por pessoas que pensavam e agiam como Bolsonaro. Infelizmente em MS esta parte da história ainda não foi assimilada por nossos governantes”.

Roberto Botareli – Presidente da FETEMS