Faltando medicamentos e até ataduras, Santa Casa ameaça suspender serviços

Sem receber repasse da Prefeitura, hospital não descarta suspender serviços

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Sem receber repasse da Prefeitura, hospital não descarta suspender serviços

Com materiais de atendimento e medicamentos acabando, a Santa Casa de Campo Grande corre o risco de suspender parte dos serviços ainda neste mês. Nesta sexta-feira (6), o presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande) Wilson Teslenco se reuniu com membros da diretoria, dos comitês municipal e estadual de saúde e com a promotora da saúde pública Filomena Fluminhan. Ao fim da reunião, Teslenco afirmou que os serviços eletivos podem ser os primeiros a serem suspensos e que a falta de pagamento aos fornecedores fez com que a Santa Casa enfrente a falta de materiais como ataduras e seringas.

“O principal setor afetado, no primeiro momento, são os procedimentos eletivos, que tendem a ser adiados por falta de material. Os de urgência [se forem suspenso] teriam impacto irreversível”, disse Teslenco. “Falta luvas, avental, seringas de 5 ml, então tem de usada uma de 20 ml. Ataduras de um comprimento e por isso, tem de ser cortadas e substituída por outra”, completa. Ao todo, 98 itens entre medicamentos e materiais não foram entregues pelos fornecedores.

Conforme Teslenco, na reunião foi exposto a situação da Santa Casa com relação ao contrato e a dívida da Santa Casa e o desabastecimento do hospital. Depois dos eletivos, os próximo setor a correr risco com o desabastecimento, são os serviços ambulatoriais.

Sobre a folha de pagamento, Teslenco disse que “há um desencaixe de mais de R$ 7 milhões no fluxo de caixa e que a falta de repasse vai impactar na folha de pagamento de novembro”. Os fornecedores devem ser impactos ainda neste mês. 

Sobre a contratualização com a Prefeitura, o diretor afirmou que “a conversa vinha sendo mantida com a Prefeitura, em razão do Estado ter se retirado dessa discussão”. Teslenco disse ainda que por isso, há o esforço de diversas entidades envolvidas nesse processo para trazer o Estado novamente a conversa, para “que ele possa honrar os compromissos assumidos em julho deste ano, de que passaria a apoiar o financiamento da saúde do município”. Para 2016, a previsão do diretor é de dificuldades e de adequação.  

Na próxima semana, a diretoria do hospital deve se reunir com o MPE (Ministério Público Estadual) e possivelmente, com a Prefeitura e o Estado para discutir sobre a contratualização. “Fizemos a proposta de uma nova reunião na quarta-feira para mais uma vez tentar solucionar a questão do contrato da Santa Casa”, disse a promotora Filomena Fluminhan. A preocupação do MPE também é com a baixa de médicos, já que muitos podem deixar o hospital por não receber. 

Ainda segundo a promotora, na próxima semana haverá uma reunião, no dia 12, para fazer uma pactualização entre todos os hospitais de Campo Grande. “É uma outra situação. Infelizmente o que se vislumbrava era chegar nessa reunião, que estava sendo articulada desde maio e que só não foi feita em razão de a Santa Casa estar sem contrato, e ela estar ainda sem contrato”. A reunião deve discutir um encaminhamento para a falta de leitos em hospitais e também a melhor distribuição desses leitos.

Sobre o Inquérito Civil do MPE que apura a continuidade da prestação de serviço da Santa Casa, a promotora disse que mesmo sem contrato, não foram encontradas irregularidades. 

Contratualização

A Santa Casa está sem contrato com a Prefeitura e desde janeiro deste ano, o Executivo já acumula uma dívida de aproximadamente R$ 13 milhões. Nos últimos meses, o hospital deixou de efetuar o pagamento integral de médicos e de fornecedores, causando desabastecimento e até uma greve de médicos. 

Conteúdos relacionados