Na Gury Marques com a Interlagos, por exemplo, viaduto depende do PAC

Criadas para dar fluidez ao movimento intenso de veículos, algumas rotatórias transformaram-se em pontos críticos do trânsito de , resultando em congestionamentos, acidentes e a propagação da ‘fama' de que o condutor da Capital tem pouca habilidade ao volante. O Poder Público não tem plano definitivo, nem sequer um diagnóstico, sobre como desafogar o tráfego nestes trechos, mas, levando-se em conta alguns projetos e ideias parciais, é fácil concluir que resolver o problema não custaria menos de R$ 100 milhões, incluindo construções de pelo menos três viadutos, reordenamentos viários e mudanças na sinalização.

O Jornal Midiamax foi atrás de respostas e opiniões para identificar os principais problemas e possíveis soluções aos chamados gargalos do trânsito formado por rotatórias. Autoridades, especialistas e motoristas foram consultados para, em uma série de reportagens, retratarem realidade que, na prática, gera no mínimo confusão na cabeça de quem precisa, todos os dias, cruzar alguns dos trechos apontados como mais problemáticos na Capital.

A Agetran (Agência Municipal de Trânsito) diz que o plano é elaborar um estudo sobre soluções para três rotatórias: a Avenida Ceará com a Rua Joaquim Murtinho; na Avenida Gury Marques com a Avenida Interlagos; e na Rua Euler de Azevedo com a Avenida Tamandaré. O quarto trecho colocado como problemático, da com a Avenida Ceará, está com uma obra, apontada como paliativa, em fase de licitação.

Na prática, não há solução definitiva à vista por parte da Agetran. Segundo o diretor de Trânsito da agência, Sidinei Oshiro, a questão demanda  certo tempo, porque é necessário equipamentos específicos e complexos para fazer, por exemplo, a contagem de veículos e pessoas, análise técnica, discussões e elaboração de projetos.

A secretária adjunta da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Kátia Castilho, que é engenheira de trânsito, defende a necessidade de viadutos na Gury Marques, na Via Parque e na Ceará. Só o primeiro trecho citado tem projeto para tal solução, está orçado na casa dos R$ 30 milhões, segundo ela.

Mesmo assim, sem prazo para executar a obra, a Agetran inclui esta via no rol das que precisam de um estudo aprofundado. “A cidade vai crescendo e é necessário fazer readaptações. O viaduto é uma solução a longo prazo, mas ali também caberiam semáforos sem mexer na rotatória”, completa Kátia Castilho.

Via Parque

Neste sentido é que ficou para depois a ideia de colocar um viaduto na rotatória vista como mais caótica na cidade, a da Via Parque com a Avenida Mato Grosso, eixo que concentra acessos a regiões centrais, ao Parque dos Poderes e bairros populosos na região da saída para Cuiabá, por exemplo. Ali, optou-se por reordenar o trecho e instalar semáforos no local, usando R$ 1,5 milhão de convênio com o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) – o acordo foi assinado há cerca de um ano, mas obra ainda está em fase de licitação.

Segundo Katia, nos horários de pico o volume de carros naquela rotatória chega a 5 mil veículos por hora em cada acesso. “A rotatória é uma excelente medida da engenharia de tráfego para permitir todas as conversões quando o volume de veículos é pequeno. Quando o volume de carros começa a aumentar, ela passa a ser um ponto de restrição, em virtude da fila de carros”, explica a especialista da Seintrha.

Euller com Tamandaré

A segunda mais caótica na Capital, na avaliação da engenheira de trânsito, é a rotatória da Euler de Azevedo com a Tamandaré, no Bairro São Francisco. Pelas vias ligadas ao trecho serem mais estreitas, diz ela, acaba não comportando o fluxo de acesso a vários bairros e à UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).

“Ali seria o caso de retirar a rotatória e alternar a circulação dos carros. Pode-se instalar semáforos cortando a rotatória e assim permitir mudar o sentido do tráfego, mas precisa-se de mais estudos antes de qualquer coisa”, detalha Kátia Castilho, diz que cada semáforo, por exemplo, sai de R$ 60 mil a R$ 80 mil instalado. O estudo, como já dito, a Agetran pensa em fazer, mas não sabe quando.

“Ali o volume de carros é menor, mas tem mais congestionamento”, emenda Katia. A quantidade de veículos chega a ser de aproximadamente 3,5 mil carros na rotatória em questão nos horários de pico.

Ceará com Joaquim Murtinho

Na rotatória da Avenida Ceará com a Rua Joaquim Murtinho, trecho que leva à estreita e movimentada Avenida Zahran e aos bairros da saída para Três Lagoas, por exemplo, a solução definitiva seria um viaduto. Ou seja, pelo menos R$ 30 milhões só com o projeto da via expressa em si, tomando-se por base o custo estimado para o viaduto da Gury Marques com a Interlagos.

“É um dos lugares com maior movimento, precisa-se reestudar a circulação, pois ali tudo se concentra em um ponto. Em vez de concentrar, é necessário alterar a circulação para não deixar que todo mundo chegue na intervenção”, resume Katia Castilho. Por parte da Agetran, em relação a este trecho o que há é a intenção do tal estudo.

Gury Marques com Interlagos

Na chamada ‘rotatória da Coca-Cola', referência à proximidade com a fábrica do refrigerante, e que leva às regiões populosas ao sul da cidade e à saída para São Paulo, como já dito, há projeto de construção de viaduto. Katia Castilho diz que o plano está em fase de aprovação na Caixa Econômica Federal, dependendo de recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, da ordem de R$ 30 milhões.

A Agetran, por sua vez, avalia o que chama de “outras alternativas” para a região, já que o viaduto tende a demorar. Neste caso, seriam soluções semelhantes à prevista para a rotatória da Via Parque, mas não há informações oficiais sobre projeto elaborado neste sentido até o momento, segundo a Agência.