Eles reclamam de gasto com tapa buraco fantasma em vez de conclusão de obra

Não são apenas buracos no asfalto que revoltam campo-grandenses. Ruas sem condições de tráfego de veículos completam anos a espera de obras de asfaltamento. Moradores do Jardim Atlântico Sul, região norte de , estão indignados com a  morosidade para a conclusão do serviço. A demora em finalizar a pavimentação asfáltica tem causado transtornos para a população.

Nesta semana, um acidente com um moto-entregador, fez com uma moradora confeccionasse uma placa em uma rua no Jardim Atlântico Sul para reclamar da demora no asfaltamento. Segundo a acadêmica de engenharia, de 21 anos, que preferiu não se identificar, disse que está revoltada com a falta de respeito da Prefeitura com os moradores. A jovem disse que há seis meses vê o dinheiro dos seus impostos sendo gastos de forma arbitrária.

A disse que os moradores estão cansados de esperar que as autoridades resolvam a situação do bairro e resolveu colocar uma placa na frente de casa para tentar chamar a atenção dos políticos para o descaso com o bairro.

“Eu coloquei essa placa aqui na Rua Macunaíma porque fiquei indignada depois que um entregador de pizza caiu depois de passar nessa vala aí na frente, que o pessoal de obras da Prefeitura deixou. Estamos cansados da demora e vendo nosso dinheiro sendo gasto tapando buracos onde não existem e nós aqui do Atlântico Sul sofrendo com essa obra parada”, reclama a acadêmica de engenharia.

A moradora contou ainda que o bairro está esquecido pela administração municipal, além das obras de asfalto paradas, a iluminação é precária e muitos locais está com o mato e o lixo tomando conta. “Aqui na frente eles fizeram esse canteiro bem mal feito e deixaram esse mato todo aí, porque não limparam a área toda para usarem? Que isso é?É o nosso dinheiro que está sendo gasto”, critica a estudante.

Ela também disse que em dias de chuva as ruas ficam intransitáveis. “Além de todo esse problema que eles fizeram nas ruas quando chove ninguém passa. Na rua de cima mesmo, na chuva de ontem virou um lago. Pagamos nosso certinho e onde está indo nosso dinheiro? É só promessa e estamos cansados disso”, diz a acadêmica.

Outra moradora que está bastante insatisfeita com as obras de pavimentação é a secretária Maria Lúcia Fernando, de 50 anos, disse que a equipe que veio na sua rua estragou a calçada e a lixeira e deixou um buraco aberto que já está tomando conta da rua.

“Há uns seis meses quando começaram, vieram colocaram a manilha e deixaram o buraco aberto e quando chove vira um rio aqui. Olha a calçada que o maquinário destruiu até a lixeira arrancaram e eu tive que colocar novamente”, indigna-se a moradora.

Maria Lúcia mora há 5 anos na Rua Zeus e disse que é revoltante ver o dinheiro público sendo gasto para tapar buracos onde não existem. “Ao invés do Prefeito gastar dinheiro tapando buracos que não tem porque ele não faz o asfalto aonde realmente precisa. Nós estamos aguardando há um tempo e nada até agora e aqui é uma necessidade. A rua está com água empoçada com risco de virar criadouro do mosquito da dengue”, reclama.

Já o desempregado Atílio de Arruda, 63 anos, os moradores estão pagando o que não tem. “Os vizinhos aí da Rua Zeus estão quase impedidos de sair porque tem esse buraco aí na rua, daqui uns dias não vão poder sair de suas casas. Até o poste de iluminação pública o pessoal da obra quebrou e até hoje não veio arrumar. O povo está pagando o que não tem é um absurdo”, adverte.

Na Rua das Nações o problema é ainda mais sério. Na frente da maioria das casas existem valas abertas que impedem o acesso dos veículos nas garagens. Esse é o caso da dona de casa Lizete da Cruz Xavier, de 58 anos, que tem um irmão cadeirante e não tem como sair com ele para fora de casa.

Dona Lizete explicou para a nossa equipe de reportagem que até o carro da família tem que dormir na rua, porque desde que o marido uns dias atrás foi sair da garagem e o carro afundou na rua. “O carro dorme ali na calçada porque não tem como entrar. A buraqueira tomou conta da rua por causa da obra, mas até agora não vieram arrumar. Somos de idade e não temos como arrumar como fizeram os outros vizinhos”, relata.

A dona de casa disse que como o irmão é cadeirante não consegue mais sair com ele para passear. “Olha a situação dessa rua, cheia de buraco como vou sair com ele na cadeira de rodas, eu não tenho força para empurrá-lo. Cadê a acessibilidade?”, critica.

Os moradores disseram que a presidente do bairro já procurou o prefeito, a Secretaria de Obras e a única resposta que dão é que é preciso parar as chuvas para retomarem as obras. “A chuva não está tanta assim para eles não virem e no período que estava seco porque não concluíram? Isso é uma falta de respeito com a população campo-grandense, queremos nosso dinheiro sendo investido onde realmente precisa e não em buracos que não existem”, diz Lizete.

A equipe de reportagem percorreu algumas ruas do bairro e constatou vários problemas, entre eles os buracos que estão por toda parte. Até as ruas que estão asfaltadas estão sendo prejudicadas porque a obra não foi concluída. Algumas bocas de lobo que foram abertas fora de nível são uns dos problemas apontados pelos moradores.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Prefeitura, mas como o prefeito decretou ponto facultativo à resposta deve sair na quarta-feira (18).

Asfalto

Durante a audiência que prestou na Câmara de , o titular da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Valtemir Brito, o Kako, afirmou que prefeitura pretende asfaltar, até 2017, 187,47 km de vias públicas no município. 

Além dos R$ 311 milhões previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Pavimentação e Qualificação de Vias Urbanas, o prefeito Gilmar Olarte (PP) anunciou outros US$ 70 milhões (aproximadamente R$ 196 milhões) oriundos do Banco de Desenvolvimento da América Latina, com previsão de licitação para o primeiro semestre deste ano. 

Em meio às promessas de asfalto novo para por fim ao serviço de na Capital, a prefeitura convive com a denúncias de irregularidades na prestação do serviço de manutenção das ruas de Campo Grande, por parte de empreiteiras à serviço do município.