Comissão da OAB discute violência em aldeias indígenas de MS
Em MS, são 73,1 mil indígenas divididos em oito etnias
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Em MS, são 73,1 mil indígenas divididos em oito etnias
Durante a noite desta quinta-feira (18) a Copai (Comissão Permanente de Assuntos Indígenas), da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Mato Grosso do Sul) discute com membros de aldeias indígenas e de órgãos responsáveis por ações favoráveis aos índios como pode ser combatida a violência dentro das aldeias sul-mato-grossense. A representante da comissão, Tatiana Ujacow, destacou que a reunião serve para a comunidade trazer aos membros do poder público quais são os problemas e com isso formar um diálogo entre a população e as entidades.
“Temos que pensar soluções para esses casos de violência nas aldeias. Vamos tirar algumas recomendações que serão valiosas para solucionar esse problema”.
Tatiana espera ainda que novas ações sejam feitas para que além da segurança pública nas aldeias outras questões sejam resolvidas. “Acredito que vai ser uma forma das comunidades trazerem problemas e apresentarem sugestões. A partir disso, nós vamos fazer um documento e isso vai ser enviado para as autoridades, eu acho que as próprias autoridades que vieram aqui hoje tenham um grande empenho em ouvir e responder o que é possível fazer a cargo de cada entidade”.
A comissão permanente da OAB foi criada no dia 5 de maio e tem como objetivo melhor a qualidade de vida dos índios do Estado. “Foi criada pelo clamor da população indígena, os problemas são permanentes e nós elegemos em um grau de importância a segurança pública que foi a demanda mais procurada é a questão urgente. O pessoal do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) é quem está na ponta assistindo tudo isso e como fizeram um congresso na OAB nós aproveitamos a data para fazer o fórum permanente”.
O representante da Polícia Civil, delegado Roberto Gurgel de Oliveira, disse que espera criar um diálogo melhor entre a população indígena e as forças de segurança. “O mais importante é a aproximação das lideranças e da Policia Civil para que eles tenham a prestação de um serviço de qualidade”.
O delegado reconheceu que existe algumas dificuldade em relação a investigação de crimes ocorridos em aldeias indígenas, mas ressaltou que as polícias têm que trabalhar de forma conjunta. “Realmente existe uma questão da competência de quem apura o que. É uma questão jurídica e nossas dificuldades esbarram em uma questão jurídica, eu acho que o mais importante é conseguir trabalhar nos momentos de dificuldade”.
Durante o fórum estiveram presentes líderes de todas as etnias indígenas de Mato Grosso do Sul. De acordo com o DSEI, são 73,1 mil indígenas divididos em oito etnias. Os profissionais do órgão apresentaram que a questão da violência é pior nas aldeias do Conesul do Estado com a população de índios guarani-kaiowá. Apenas 1,4 mil profissionais de saúde fazem o trabalho em todas as aldeias de MS.
O indígena de Brasilândia da etnia Ofaié, Marcelo Lins, disse que o suicídio está cada vez mais alto nas aldeias por falta de políticas públicas para os índios. “Nós não temos esporte, não temos educação, não tem incentivo na agricultura, falta políticas nas aldeias. O índio não tem o que fazer e muitas vezes fica depressivo, não tem atenção”.
Ainda de acordo com Lins, a Polícia Federal poderia fazer mais ações nas aldeias para combater os crimes. “O poder público tem que puxar a responsabilidade, não vamos zerar a criminalidade, mas vamos diminuir”.
Outro que foi destaque no fórum foi o indígena Roberto da etnia Guarani, de Japorã. Roberto destacou que não faz parte da cultura indígena o estupro coletivo, nem a falta de estrada, a falta de casa para morar e que essas questões precisam ser tratadas como problema. “Falta segurança nas aldeias, a gente presencia coisas absurdas. Não queremos bandidos, traficantes, estupradores, nada disso o índio quer na aldeia”, concluiu.
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