Ao todo, são 1.400 pessoas em situação de rua na Capital

A maioria das pessoas que vivem em situação de rua em veio de outros lugares do país em busca de melhores condições financeiras. Empregos com propostas sedutoras tiraram estas pessoas de seus lares, e, em muitos casos, foi preciso também deixar a família. A oportunidade de ganho a mais estava nos canaviais e na construção civil. Muitos destas possíveis vítimas são do Norte e do Nordeste do país.

Porém, promessas falsas ou empregos temporários fizeram com que muita destas pessoas perdesse de vista a esperança e se conformasse com as ruas.

Este é perfil da maioria dos moradores de ruas da Capital sul-mato-grossense, de acordo com mapeamento elaborado pelo Conselho Comunitário de Segurança da Região Central de Campo Grande. 

O levantamento foi concluído no início deste ano e aponta que aproximadamente 1.400 pessoas vivem sem grandes expectativas de vida, pela vias e prédios abandonados da cidade.

 

 

 

 

 

“Percebemos que ouve um aumento de moradores de rua nos últimos anos, principalmente nas imediações da Igreja Santo Antônio. Mas com o vídeomonitoramento, ouve uma migração deste grupo para outras regiões”, resumiu Adelaido Spinosa Luiz, presidente do Conselho de Segurança.

O levantamento mostra, entre outros índices, que 50% dos moradores de rua vieram mesmo em busca de emprego, como citado acima – além deles outros 30% são jovens adolescentes que deixaram lares desestruturados e se envolveram com drogas, os demais, 20% são pessoas na fase adulta, que passaram pelo sistema prisional.

O intuito do estudo feito pelo Conselho de Segurança é auxiliar na identificação dos principais agentes da criminalidade na área do Centro. Tendo em vista que muitos dos moradores, como flanelinhas e andarilhos também cometem pequenos furtos para sobreviver e sustentar vícios em drogas e bebidas alcoólicas.

Outro objetivo do levantamento é contribuir para o planejamento de ações no combate a outros tipos de delitos registrados nas ruas centrais. Para juntar as informações e compor o mapeamento 92 pessoas foram entrevistadas, sendo 22 moradores, 28 comerciantes, 20 trabalhadores, 22 consumidores. Além deles, 19 flanelinhas e 23 profissionais do sexo foram ouvidos.

Insegurança no centro

No estudo foram pontuadas algumas ocorrências registradas com certa frequência no centro, como furto de objetos, arrombamentos de comércios tráfico de drogas, exploração sexual de menores, prostituição e outros problemas. Tais situações levam a população se sentirem inseguras com a presença não somente dos moradores de rua, mas também de pessoas que buscam por drogas e programas sexuais.

Campo Grande tem mais de mil vivendo na rua e maioria é de nordestinos

Mas, o levantamento explica que o grupo prefere o centro pelo fato de o local contar com a circulação de aproximadamente 300 mil pessoas por dia, o que facilita o acesso a esmolas, por exemplo. Já de noite, quando o comércio deixa de funcionar, o ambiente deserto continua a atrair os moradores de rua, que buscam também refúgio em prédios inutilizados.

Como mudar a situação dos moradores?

As informações constatadas por meio do levantamento podem servir como base de ações da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, segundo Adelaido. Com os dados em mãos, o Conselho e outras entidades, realizarão na segunda-feira (6) um ato social junto com os moradores de rua, dependentes químicos e profissionais do sexo que vivem na Vila Progresso.

A ação ocorrerá na forma de um projeto piloto e pode alcançar até 200 pessoas somente neste dia, das 15 horas até as 20 horas. Serão oferecidas consultas médicas, corte de cabelo, vacinação e inclusive encaminhamentos para algumas pessoas retornarem as suas cidades natais.

 “Nosso objetivo não é fazer faxina ética, essas pessoas precisam de ajuda, temos o intuito de inseri-lo novamente à sociedade” disse o representante do Conselho.

Entre outras pretensões, o Conselho acionar a Prefeitura de Campo Grande e buscar pela formação de um fórum permanente de combate à criminalidade, criar uma força da tarefa das secretárias municipais em conjunto com as polícias Civil e Militar, além de contar com o apoio do Corpo de Bombeiros para o fechamento de pousadas ilegais. Outra ideia é obter uma linha direta do conselho tutelar com as equipes policiais para combater a exploração sexual de menores e fazer o recolhimento de menores andarilhos.