Urbanista aponta soluções para Campo Grande não sofrer com chuvas no verão

Nos últimos anos, os campo-grandenses têm enfrentado vários problemas com as chuvas durante a primavera e o verão. Enchentes, córregos transbordando, asfalto destruído, muitos buracos pela cidade e histórias de famílias que perderam móveis e tiveram prejuízos com a chuva.  Muita gente já se acostumou a reclamar de São Pedro. Mas será que está caindo […]

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Nos últimos anos, os campo-grandenses têm enfrentado vários problemas com as chuvas durante a primavera e o verão. Enchentes, córregos transbordando, asfalto destruído, muitos buracos pela cidade e histórias de famílias que perderam móveis e tiveram prejuízos com a chuva.  Muita gente já se acostumou a reclamar de São Pedro. Mas será que está caindo mais água em Campo Grande ou há outros culpados pelo problema? O Midiamax ouviu um Urbanista para tentar entender o que vem acontecendo na cidade.

O arquiteto e urbanista Angelo Arruda explica que as enchentes começaram atingir a cidade nos últimos anos. “Nesses últimos dez anos a cidade teve modificações estruturantes que resultam no que está acontecendo. “Não adianta o prefeito atual ou o anterior colocar a culpa na quantidade de chuva que cai do céu. Essa é uma medida para afastar a discussão das causas verdadeiras do problema”, comenta.

O urbanista aponta que para frear as consequências das enchentes é necessário um conjunto de providências como o investimento em drenagem, alargamento dos córregos. Mas, segundo ele, o problema esbarra nos governantes que deixam de planejar as obras, pois são caras e para ser executadas a longo prazo. “É uma obra caríssima, que é paga por todos nós. Nenhum prefeito que levar quatro anos planejando uma obra”, afirma.

Entre outras medidas adotadas, estão teto verde, drenagem, calcadas infiltradas. “É um projeto de cidade. Não é um projeto de um só governo. Um projeto para Campo Grande e que tem que ser levado a sério”, destaca.

Segundo o urbanista, a preocupação com a capacidade do solo absorver a água das chuvas é antiga. Em 1985 foi feito um estudo técnico de todo o perímetro urbano da Capital e elaborada a Carta Geotécnica com informações sobre a análise do solo, profundidade do subsolo, onde pode estimular a construção civil.

“Esse documento não é respeitado. Ele só é respeitado quando há interesse. O poder público não olha para a carta geotécnica. Este é o primeiro dos elementos estruturantes que vem sendo deixado para trás”, frisa.

Conforme Arruda, a região oeste de Campo Grande é considerada a mais crítica atualmente e onde deve ser observado o maior cuidado durante o processo de urbanização. “A chuva em Campo Grande se espalha pelo perímetro, mas há regiões, onde não comporta a quantidade de água. Se essa região estivesse protegida e não estimulada a construir casas, asfaltar. O lucro imobiliário está se sobrepondo as questões sociais e ambientais. Tem muita sede para ganhar dinheiro e o cuidado técnico com a cidade”, diz. 

Segundo o urbanista, o resultado deste cenário é que a chuva em uma região sensível, que não tem a absorção ideal. Posteriormente, quando a água chega ao córrego, que é estreito e pouco profundo, ele transborda pelas laterais.

Dentro de Casa

Um dos problemas apontados pelo urbanista é simples e está dentro das casas. Os moradores acabam pavimentando todo o quintal, sem deixar espaço para que a água da chuva infiltre no solo. Ele explica que a água caiu no terreno, vai para rua e chaga aos córregos, que em alguns pontos já não suportam mais a quantidade de água.

“O poder público não abre os olhos para urbanização desenfreada, não orienta as famílias a cuidar dos seus terrenos baldios. Depois tem que gastar R$ 200 milhões emergencialmente”, complementa o urbanista”, pontua.

Áreas Criticas

O urbanista comenta que há áreas de Campo Grande que não são inundadas, como a região norte, por ser mais alta, o sul, por ter capacidade de infiltração. “O drama é a região oeste, pois foi a que mais se urbanizou recentemente”, detalha. Conforme o urbanista, quando o Córrego Prosa está cheio, e se junta ao Córrego Anhandui, transborda na região do Ernesto Geisel.

“Acabou acontecendo o que era impossível para engenharia. A parede de concreto do Córrego Segredo, próximo à antiga rodoviária caiu. Quando foi construído aquele duto, a água era só uma lâmina”.

Segundo o urbanista, se não houver uma maior preocupação, a previsão não é favorável para os próximos anos. “Podemos em cinco anos, estar nas páginas dos jornais nacionais dizendo que houve uma grande enchente que estamos pedindo donativos”, conclui.

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