SP tem chuva acima da média em janeiro em 8 dos últimos 10 anos

As chuvas que castigam São Paulo neste mês de janeiro impressionam. A média de precipitação nos primeiros 17 dias de janeiro já chegou a 356,4 mm. O número é quase 50% superior à média de 239 mm esperada para todo o mês. O recorde histórico é de 481,4 mm, registrado pelo Instituto Nacional de Meteorologia […]

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As chuvas que castigam São Paulo neste mês de janeiro impressionam. A média de precipitação nos primeiros 17 dias de janeiro já chegou a 356,4 mm. O número é quase 50% superior à média de 239 mm esperada para todo o mês. O recorde histórico é de 481,4 mm, registrado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em 1947.

Apesar disso, as tempestades que têm assolado a capital neste mês não são novidade. Dados do Inmet mostram que, nos últimos dez anos, apenas 2001 e 2007 tiveram um índice menor do que a média esperada para o mês. Se forem levados em conta os últimos 30 anos, apenas oito ficam abaixo da média.

Neste ano, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), há a influência da Zona de Convergência do Atlântico Sul, que funciona como um corredor de nuvens carregadas de vapor, trazendo umidade da Amazônia para o Sudeste.

O fenômeno é diferente do ocorrido em 2010, quando houve influência do El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, aumenta a evaporação e muda a circulação dos ventos, propiciando pancadas de chuva.

“Uma frente fria avança e, onde ela estaciona, gera essa Zona de Convergência do Atlântico Sul”, afirma o meteorologista Michael Pantera, do CGE. Segundo ele, o fim do mês de janeiro deve continuar chuvoso.

Áreas de risco
Quem mais sofre com as fortes chuvas de janeiro é a população que mora em áreas de risco. As zonas Sul e Norte de São Paulo são as regiões que mais concentram essas áreas, segundo mapeamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) divulgado pela Prefeitura. Apenas na região do M’Boi Mirim, na Zona Sul de São Paulo, há 4 mil casas que precisam ser desocupadas imediatamente.

A região tem um relevo acidentado. A maioria das construções é sobre morros e encostas, o que pode causar deslizamentos devido ao encharcamento do solo.

A dona de casa Rosita Pereira da Silva, de 66 anos, que mora na Rua Agamenon Pereira da Silva, reclama da situação. “O pessoal sofre muito. Toda vez que escorrega o barranco a gente fica ilhado uma semana. Se continuar chovendo, vai cair tudo aqui. Não é a primeira vez que isso acontece”, afirma ela, já “acostumada” com as consequências das chuvas de janeiro.

A moradora, no local desde 1972, diz que foi orientada por funcionários da Prefeitura a deixar tudo para trás se o barranco ameaçar ceder.

O manobrista José Abílio de Souza, de 48 anos, também morador de área de risco, diz que tem medo. “A gente vê que se descer o morro, vai fazer estrago”, diz.

Para a supervisora de atendimento Silvia Araújo, de 30 anos, que mora no mesmo bairro, as pessoas não deixam suas casas porque não têm para onde ir. “’Tem que sair’, eles dizem, mas não tem para onde ir.”

Mortes
Desde o início da Operação Verão, foram contabilizadas seis mortes na capital. O número de desabrigados já chega a 180 e o de desalojados a 58. No ano passado, 18 pessoas morreram vítimas das enchentes na cidade de São Paulo.

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