Secretário de Obras da Capital culpa ‘drenagem insuficiente’ pelos estragos da chuva

João Antônio De Marco disse que o município criou um programa de contenção de enchentes, já aprovado “tecnicamente” em Brasília e que a liberação de recursos deve sanar logo a questão

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João Antônio De Marco disse que o município criou um programa de contenção de enchentes, já aprovado “tecnicamente” em Brasília e que a liberação de recursos deve sanar logo a questão

O secretário de Obras de Campo Grande, João Antônio de Marco fez um balanço dos estragos provocados por uma forte chuva que caiu sobre a cidade duas semanas atrás.

Enxurradas invadiram casas, destruíram móveis e assustaram a população, principalmente a que habita bairros afastados da área central.

De Marco apontou os pontos considerados críticos e os projetos já criados por sua secretaria. Nesta quarta-feira, ele comentou a questão com o Midiamax. Eis o diálogo.

Meteorologistas afirmam que as chuvas aumentaram de 15% a 20% nos últimos dois anos. As enchentes na Capital se devem somente a esse aumento? Diante de catástrofes que estão ocorrendo no Brasil, há um planejamento para evitar um desastre na Capital?

João Antonio De Marco – Os transbordamentos, e alagamentos ocorrem por causa do aumento da densidade pluviométrica com o crescimento e desenvolvimento da cidade junto com o lixo jogado em vias. Vou te dar um exemplo, nós tivemos nos últimos tempos uma incidência muito forte de chuva na cabeceira e nascente do córrego Prosa e Sóter e junto com isso a mudança urbanística e maior números de bairros pavimentados com crescimento populacional onde as pessoas constroem mais, e pavimentam fundo de quintais. Na questão de prevenção Campo Grande talvez seja uma cidade que tenha melhor comportamento, temos feitos remoções de famílias de área de risco, como por exemplo, na Vila Popular no Cabaça no Lagoa e Segredo. E atuado em todas as vertentes, além do aumento da intensidade das chuvas, temos também o aumento nas frequências, os picos de grande chuva que davam de dez em dez anos estão ocorrendo de dois, de três em três anos.

Em Campo Grande há duas semanas caiu uma forte chuva, o suficiente para provocar estragos em bairros como Nha-Nhá, Marcos Roberto, e Jockey Club. O problema se deve também a falta de estrutura?

João Antonio De Marco – A cidade foi crescendo se desenvolvendo, houve uma maior incidência de água em superfície maior pavimentada e impermeabilizada, isso faz com que a água corra para locais mais baixos. Os sistemas de drenagem que tem às vezes em determinadas regiões é insuficiente, tem de ser melhorado e é exatamente isso que estamos buscando. São dois os tipos de trabalho: o sistema de drenagem eficiente que dê conta de transportar toda essa água e também reservar parte dessa água da cabeceira para não congestionar a tubulação na parte de baixo. Isso é o que se faz de mais moderno nos trabalhos de drenagem e de manejo de água. Nós temos feito barragens no Sóter, vamos fazer bacias de retenção próximas ao shopping, no Segredo, fazer um reservatório de retenção no Cabaça. Para ajudar essa questão toda de água que hoje desce para bairros como Marcos Roberto e Jockey Club. Vamos melhorar o sistema de drenagem partindo de todos esses bairros periféricos desde as proximidades da Costa e Silva ao Marcos Roberto e Jockey Club.

Qual a previsão de obras nesses bairros?

João Antonio De Marco – Tudo isto já está num grande programa que apresentamos em Brasília já aprovado tecnicamente. Já existe por parte do governo federal compromisso de liberar recursos pra atender essa região. No Guanandi na parte mais baixa próximo a Ernesto Geisel na rua Oriboca vamos fazer uma intervenção, estamos planejando que em mais ou menos uma semana vamos começar a mexer lá para evitar o alagamento daquela região.

E a avenida Ernesto Geisel e córrego Anhaduizinho?

João Antonio De Marco – Ali é o próximo problema de Campo Grande, sem dúvida nenhuma, todas as águas de Campo Grande desemboca no córrego Anhaduizinho, não falo somente em administração e sim nós campo-grandenses, temos de ter consciência que ao fazer casas não podemos pavimentar todo o quintal, deixar área de infiltração e reservatório para acumular água do telhado. E se o poder público não fizer barragens pra cima no Segredo, no Sóter, reservatório de retenção no Prosa, e no Vendas, vamos deixar esse problema. A ocupação do solo marginal do Anhaduizinho, ali era uma várzea que a natureza deixou para que na hora que o rio enchesse inundasse. O que nós fizemos, fizemos parques e avenidas, é lógico que na hora que extravasar ele vai encher. Então nós temos que segurar a água dele lá em cima, não vamos poder mais deixar ele extravasar.

Qual a previsão de orçamento para aquela área?

João Antonio De Marco – O que vamos fazer ali é com recurso próprio com uma sobra do PAC 1 com autorização da Caixa Econômica Federal e recursos próprios. Contando as intervenções da rua Japão com a Dona Neta dá em torno de R$ 2,5 milhões estimando a metade de verba federal e a outra da prefeitura.

Existe um tempo de vida útil para obras como a da avenida Ceará, por exemplo?

João Antonio De Marco – O canal é calculado tendo em vista a chuva média com picos de chuva. No nosso caso um tempo de recorrência, nós consideramos ali pra vinte anos. Em vinte anos se der uma chuva igual a que deu ela suporta. Agora em engenharia, hidráulica, trabalhamos com probabilidades, ela pode dar em vinte anos ou no ano que vem. No mundo inteiro esses são os parâmetros usados. Agora se você falar quero para cinquenata anos, ela custa o triplo, então o diferencial é muito grande, normalmente as obras de micro drenagem ou de rede subterrânea é na faixa de dez a quinze anos com uma obra de maior porte nós fazemos vamos pra vinte a vinte e cinco anos. Podemos até fazer uma obra para durar cinquenta anos, o custo eu não sei se a sociedade vai querer pagar porque em vinte anos você pode ter muita mudança na cidade. Um exemplo, o Plano Diretor de Drenagem Urbana prevê na bacia do Prosa trezentos milhões de litros, ou seja, tem que reservar essa água em dia de chuva torrencial, essa água não pode vir pra baixo então o que nós temos que fazer, isso não é agora, são várias administrações que terão de trilhar o mesmo caminho, tem de fazer mais barragem e reservatórios de retenção.

Buracos e estragos são formados em algumas vias, a qualidade do asfalto é questionável?

João Antonio De Marco – É bom que você pergunte isso. O asfalto de Campo Grande, São José do Rio Preto, Brasília e Goiânia são feitos dentro de parâmetros técnicos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e fiscalizado. A maioria do asfalto que nós fazemos tem participação de recursos da União, que também é fiscalizado por órgãos federais. Nós temos ruas mais antigas e com isso a chuva faz buraco na rua daí a operações tapa-buraco. O asfalto é feito para resistir à água por cima se a água por algum motivo entrar por baixo, ela não resiste em nenhum lugar do mundo, nós tivemos problemas na Rachid Neder, rompimento de pavimentação da Joaquim Murtinho. As pessoas de forma irresponsável têm lançado águas pluviais das casas na rede de esgoto. Na Joaquim Murtinho há um tampão forte que ergueu com a força da água de esgoto. O material de esgoto mais a água pluvial entraram por de baixo do asfalto e rompeu o asfalto criando o problema que nós tivemos. Não se deve a uma qualidade boa ou ruim do asfalto e sim a um problema que é externo.

Qual é o cronograma existente de recapeamento em vias da Capital?

João Antonio De Marco – Já fizemos recapeamento em locais como Joaquim Murtinho, bairro Cachoeira, e vamos buscar mais recursos. O recapeamento é muito oneroso, o dinheiro que nós temos é de prioridade do prefeito para ser investido  em bairros e em contrapartida a grandes projetos. A pessoa que mora na periferia e tem a rua sem asfalto prefere muito mais ver a sua rua asfaltada do que o centro recapeado. Estamos fazendo isso, com recurso próprio e do governo federal. Com isso nós conseguimos asfaltar só nos últimos 3 anos mais de 40 bairros, essa é a nossa diretriz administrativa.

E em relação à conscientização da população de jogar lixo nas ruas?

João Antonio De Marco – Vou te dar um exemplo, na avenida Sol Nascente no Marcos Roberto, fazem três dias que nós limpamos o canteiro central, tinha sofá velho e lixo, nós terminamos a limpeza, ontem (18) eu passei lá e tinha tudo de novo. Esse lixo entope boca de lobo e vai pra dentro dos córregos e além de tudo faz com que você tenha que utilizar a estrutura da prefeitura num serviço que não era necessário e que exonera o contribuinte.

As obras da região da região norte, como na avenida Mato Grosso e no Sóter atenderam as expectativas?

João Antonio De Marco – A Mato Grosso funcionou perfeitamente, comportou perfeitamente a última forte chuva dentro das expectativas. Nós vamos fazer agora a quarta barragem no Sóter, dentro da filosofia que estou falando, contendo as águas pra cima. Temos hoje a capacidade de 42 milhões de reservatório nas três barragens. Vamos fazer agora a quarta barragem que sozinha vai suportar 32 milhões de litros. A Mato Grosso funcionou muito bem, as barragens do Sóter funcionaram muito bem e vamos fazer a quarta. É um principio um caminho que tem de ser trilhado, é o que preconiza o plano de drenagem.

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