Moradores denunciam fraude na eleição para presidência de associação de bairro

Rua do São Conrado foi bloqueada em protesto, e candidatos derrotados suspeitam de manipulação para favorecer candidato alinhado à União Municipal das Associações de Moradores (Umam); entidade nega todas as acusações

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Rua do São Conrado foi bloqueada em protesto, e candidatos derrotados suspeitam de manipulação para favorecer candidato alinhado à União Municipal das Associações de Moradores (Umam); entidade nega todas as acusações

Moradores do São Conrado atearam fogo em pneus e galhos secos para bloquear a rua Antônio Ignácio de Souza, em frente ao centro social do bairro, no fim da tarde de segunda-feira (10) em Campo Grande. O motivo do protesto é uma suposta fraude na eleição para a presidência da associação local de moradores, cujo mandato é de três anos.

Dois ex-candidatos ao cargo estavam entre os líderes da manifestação. Eles acusam a União Municipal de Associações de Moradores (Umam) de manipular a votação para favorecer Mariano Nunes, que seria membro da diretoria da entidade e apoiado pela gestão anterior. Os protestantes informaram que Mariano obteve 214 votos, contra 174 de Elias Bezerra da Rocha e 89 de Leonarda Martins.

A eleição ocorreu em 12 de dezembro, mas só agora os grupos derrotados saíram em protesto nas ruas. De acordo com o advogado Wilton Edgar Sá e Silva, durante esse período houve tentativas de negociação por via administrativa junto à Umam, no sentido de reverter o resultado da eleição. Como não houvesse consenso, partiu-se para a manifestação pública. Outro passo será ingressar com ação na justiça para barrar a posse da nova diretoria.

O pleito ocorre da seguinte forma: os candidatos percorrem o bairro em busca de adesão e preenchem fichas com os dados dos eleitores. Posteriormente os documentos são encaminhados à Umam, que no dia da eleição coloca tudo à disposição no local de votação, para que a escolha seja confirmada. Os denunciantes afirmam que, na hora de votar, centenas de fichas de eleitores das chapas 2 e 3 haviam desaparecido sem qualquer explicação por parte da Umam. A candidata Leonarda disse que chegou a somar mais de 800 fichas em sua campanha.

Durante o protesto, não faltaram relatos de pessoas que participaram da eleição e identificaram algum tipo de suposta irregularidade. David Camargo, morador do bairro há 26 anos, confirma que as fichas de seus vizinhos “sumiram” na hora da votação. Quem queria escolher Leonarda ou Elias, simplesmente não podia, segundo ele.

Na teoria, só poderia votar quem fosse cadastrado como morador do bairro e comprovasse por meio de algum documento, como correspondências ou contas de água e luz. Mas na prática não foi o que aconteceu, de acordo com José Barbosa – que já presidiu a associação em anos anteriores. “Todo ano é a mesma maracutaia, mas desta vez trouxeram 25 pessoas do bairro Mário Covas para votar aqui. E teve gente nossa que não conseguiu”, alegou.

O pastor Gregório Paz de Souza, da igreja Jesus é a Vida, disse que conseguiu votar com a filha, mas a esposa e vários parentes não puderam. “Na hora os mesários perguntavam em quem a gente ia votar. Quando era nos candidatos da chapa 2 ou da 3, eles diziam que as fichas estavam em caixas separadas”, relatou. Mesma situação contada pela fiscal de mesa ligada à chapa 3, Marli Rodrigues.

Outro lado

O presidente da Umam, José Gondim, afirmou que não são procedentes as denúncias feitas pelos candidatos derrotados nas eleições para a presidência da associação do bairro São Conrado. Segundo ele, as caixas contendo as fichas foram lacradas na presença de todos os candidatos, e abertas somente no dia da votação. O presidente também rechaçou a hipótese de que moradores de outros bairros participaram do pleito.

“Cada representante contava com dois fiscais e três mesários. Se houvesse algum flagrante de irregularidade, a reclamação poderia ser feita na hora”, disse. Gondim esclareceu ainda que Mariano Nunes não é membro da atual diretoria da Umam, e que na verdade ele chegou a concorrer na chapa adversária.

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