Pelo menos 130 famílias de Dourados entraram na área ontem à noite e disseram que não saem de lá nem por meio de forças policiais; eles exigem presença do

Ao menos 130 famílias sem-teto permaneceram a noite inteira numa área de mais de dez hectares na estrada do Potreirito no Jardim Jockey Clube, em Dourados, demarcando os lotes e construindo barracos com restos de madeira e lonas pretas.

Os invasores querem a presença do prefeito Murilo Zauith (DEM) no local para negociar a construção de casas populares. O presidente da Associação dos Moradores da Vila São Braz Paulo Barros, um dos organizadores do movimento, afirmou que as famílias estão há quase três anos esperando pelas casas.

Paulo recorda que durante a solenidade de entrega de geladeiras tempos atrás o governador André Puccinelli (PMDB), Murilo que era vice-governador e Ari Artuzi prefeito da época prometeram resolver o problema habitacional da região do Jockey Clube.

O tempo passou e, segundo Paulo, nada foi feito para resolver o problema. As famílias, segundo ele, já ocuparam a área onde funcionava a antiga cancha de corridas de cavalos e prometem agora resistir às forças policiais.

“Só vamos sair daqui com a nossa casa própria”, disse o líder comunitário ao afirmar que caso contrário a cancha de cavalos se transformará num “bairro popular”.

O auxiliar de produção João dos Santos Souza ajuda Paulo Barros na organização do movimento por moradia na região do Jóquei Clube e já no início da manhã deste sábado reuniu os “invasores” para discutir as estratégias de ação.

“De uma em uma hora vamos passar lote por lote fazendo a chamada e quem não estiver no local construindo seus barracos será tirado da lista”, disse ele.

Até às 09h da manhã viaturas da Guarda Municipal e da Polícia Militar passaram por diversas vezes em frente a área invadida. Cada família demarcou um lote medindo 12 metros de frente por 20 metros de largura.

“Conseguimos oitocentos metros de lona preta que está sendo distribuindo para cada família”, disse Paulo Barros ao lamentar a falta de políticas públicas para a habitação popular e a falta de compromissos dos governantes com a população pobre e marginalizada socialmente”.

Grande parte dos invasores é formado por jovens entre vinte e trinta anos de idade. É o caso do industriário Ozéias Dias Aguero de apenas 21 anos de idade. Ele mora com a mãe e pretende se casar. Sua noiva está grávida e como não tem como pagar aluguel ou comprar uma casa optou em demarcar um lote para si.

Muitas pessoas que também não têm casa para morar não tinham conhecimento da invasão que foi organizada por Paulo e João dos Santos nos últimos vinte dias.

Um exemplo é a lavadeira de roupas Rosana Gonçalves dos Santos de 38 anos. Ela mora sozinha com seis filhos pequenos numa edícula no quintal da casa do seu pai. Como ficou sabendo da invasão somente por volta das 08h30 foi até Paulo para tentar conseguir um lote. Meia hora depois Rosana já estava na área com os filhos, madeiras, pregos e lonas para construir o seu barraco.

Paulo Barros afirmou que a organização do movimento além de demarcar os lotes deixou espaços para as ruas e também para a construção de praças postos da e da Guarda Municipal, escola e para a instalação de uma indústria de calçados.