Coliseu e Machu Picchu são exemplos de que obras bem feitas resistem à chuva

Meteorologista Natálio Abraão afirma que obras não podem ser feitas entre dezembro a fevereiro, meses chuvosos e ainda, planejamento poria fim aos problemas estruturais

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Meteorologista Natálio Abraão afirma que obras não podem ser feitas entre dezembro a fevereiro, meses chuvosos e ainda, planejamento poria fim aos problemas estruturais

As fortes chuvas de verão são previsíveis, fazem parte do ciclo da natureza, mas as obras construídas pelos homens não se mostram fortes suficientes para barrar as enxurradas, desmoronamentos e alagamentos. Segundo o meteorologista Natálio Abraão, da Anhanguera-Uniderp, os administradores públicos não têm conseguido o equilíbrio e o resultado são as chamadas catástrofes. “Costumo dizer que o Coliseu (*) e Machu Picchu (**) são exemplos de obras bem feitas”, compara.

Construir rodovias em Mato Grosso do Sul nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, segundo o meteorologista, é desperdiçar dinheiro público. O mínimo de planejamento poria fim às dores de cabeça, segundo ele.

“Não se deve mexer com obras nos meses chuvosos e o período é de janeiro até fevereiro”, alerta. O Midiamax levou o questionamento aos prefeitos sobre o quanto uma obra com qualidade resiste às intempéries.

À prova de chuva

Na Itália, o Coliseu de Roma, símbolo do Império Romano, foi construído entre os anos 70 d.c a 96 d.c e está entre as sete maravilhas do mundo.

 Já o símbolo do Império Inca, Machu Picchu, em Vilcacamba, no Peru, foi construído no século XV pelo povo inca, destruído pelos invasores espanhóis. Machu Picchu enfrentou guerra e terremoto no século XVI, perdeu 70% da sua estrutura, mas ainda há 30% da estrutura original.

Bela Vista, Coxim e Rio Verde

Para reparar os estragos na área rural, as prefeituras de Bela Vista, Coxim e Rio Verde ainda fazem levantamentos.

Indagados sobre a qualidade das obras públicas, colocadas à prova com as chuvas de verão, os prefeitos dessas cidades defenderam-se e disseram que o foco dos problemas não está na área urbana, dona de infraestrutura e sim, nas áreas rurais, onde estão assentamentos rurais e fazendas.

Dinalva Mourão (PMDB), prefeita de Coxim, defendeu a mudança na data do ano letivo para dar tempo de recuperar as rodovias. Ela acredita que o volume de água seja responsável pelos problemas nas áreas rurais.

Já o prefeito de Bela Vista, Francisco Maia (PT), a responsabilidade dos estragos passa pela esfera estadual. “Nós temos o Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado de Mato Grosso do Sul) e espero que esses recursos sejam investidos”, frisa.

Em Rio Verde, região Norte do Estado, o prefeito Wiliam Douglas Brito (PPS) frisa que há drenagem e bocas de lobo suficientes dentro da área urbana. “Meu problema não foi na cidade, mas na área rural”, explicou.

Aquidauana e Novo Horizonte do Sul

A queda de pontes, destruição de estradas, interrupção no escoamento dos produtos agrícolas e o alagamento de 55 casas provocadas pelo período chuvoso vai custar ao menos R$ 5,8 milhões, segundo cálculo do prefeito da cidade Fauzi Muhamad Abdul Hamid Suleiman, do PMDB.

O município de Aquidauana fica a 140 quilômetros de Campo Grande e sempre enfrentou problemas com as enchentes. O rio Aquidauana atravessa o perímetro urbano e separa a cidade do município de Anastácio, região também afetada pela enchente.

Em Novo Horizonte do Sul, cidade a 120 quilômetros de Dourados, na região Sul do Estado, moradias correm o risco de desabamento. É que as casas, segundo o prefeito Marcilio Álvaro Benedito, do PMDB, estariam afundando.

Somente para reconstruir as pontes, o município precisa de ao menos R$ 4 milhões, segundo cálculos presumidos do prefeito. Dez famílias tiveram de abandonar suas casas e foram amparados por parentes.

R$

O governo estadual já anunciou que os estragos registrados representam ao menos R$ 10 milhões somente para a recuperação das rodovias. Cidades como Novo Horizonte do Sul, Bela Vista, Aquidauana, Coxim, Ivinhema, Miranda e Rio Verde precisam com urgência de obras para a recuperação principalmente das estradas.

Em Campo Grande, a situação não é diferente. Nos bairros Taquaral Bosque e no Centro, crateras foram abertas em conseqüência da falta de infraestrutura de drenagem.

Valdelice Bonifácio e Celso Bejarano

Conteúdos relacionados