A passagem do ciclone extratropical em Santa Catarina trouxe à costa do litoral 596 pinguins mortos desde terça-feira (9). A informação é do Projeto de Monitoramento de Praia da Bacia de Santos (PMP-BS), órgão que especializado no atendimento veterinário a animais marinhos.

De acordo com o biólogo marinho e coordenador do PMP-BS em Santa Catarina e Paraná, André Barreto, o surgimento de animais nas praias é maior durante a ocorrência do ciclone porque os fortes do oceano em direção à terra os transportam. 

De terça até sexta-feira (12), foram encontrados 622 animais marinhos à beira da praia, sendo apenas 24 sobreviventes. Além dos pinguins, gaivotas, fragatas e tartarugas também foram espécies afetadas. A maior parte foi encontrada na ilha de Santa Catarina.

André Barreto comenta que o pinguim tem mais dificuldade de fugir das ondes fortes porque, ao contrário de outras aves, não consegue voar. Por respirar fora da água, ele acaba se afogando com o mar revolto.

Segundo a Empresa de e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), órgão que monitora as condições climáticas do Estado, o ciclone causou rajadas de vento de mais de 100 km/h em algumas regiões catarinenses na quarta-feira (11).

Os pinguins-de-magalhães — espécie cujo nome científico é Spheniscus magellanicus — vivem em colônias reprodutivas na região da Patagônia, na Argentina. Eles migram para o Brasil ao longo das costas sul e sudeste no inverno, em busca de alimento. A veterinária Cristiane Kolesnikovas pondera que, durante a travessia, é comum que alguns dos animais fiquem mais fracos, se desgarrem do bando e acabem morrendo. É improvável, entretanto, que este seja o caso das aves encontradas em Santa Catarina.

“Primeiro porque nós observamos as lesões na necropsia, segundo porque os pinguins encontrados estavam em boas condições. Quando morrem de fome, eles geralmente ficam magros e anêmicos”, conclui a especialista. A média de longevidade dos pinguins-de-magalhães é de 15 a 20 anos.