A Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomendou nesta sexta-feira (31) que o Ministério da Saúde suspenda provisoriamente a temporada de navios de cruzeiro na costa brasileira. A medida vem depois do aumento de infeções por covid-19 em embarcações nos últimos dias.

Nesta sexta-feira, o navio MSC Splendida, atracado no Porto de Santos (SP) e o navio Costa Diadema, atracado em Salvador, interromperam as atividades devido a surtos de covid-19.

Segundo a , dados apontam que a variante Ômicron tem o potencial de se espalhar mais rapidamente do que outras variantes e que a proteção imunológica de vacinas e de casos anteriores de covid-19 pode não ser tão efetiva.

A recomendação da Anvisa também considerou que, mesmo diante da elaboração de Planos de Operacionalização para a retomada da temporada de cruzeiros no âmbito dos municípios e estados, estabelecendo as condições para assistência em saúde dos passageiros desembarcados em seus territórios e para execução local da vigilância epidemiológica ativa, na prática têm sido observadas dificuldades impostas pelos entes locais diante da necessidade de eventuais desembarques de casos positivos para covid-19 em seus territórios.

“A manifestação da agência foi pautada no princípio da precaução, ao priorizar o impedimento da ocorrência de agravo à saúde pela adoção das medidas necessárias à sua proteção”, disse em nota a Anvisa.

A agência ressalta, porém, que a recomendação não afeta ainda as operações de navios de cruzeiro. “Até decisão final do grupo de ministros, as operações seguem, como regra geral, autorizadas, submetidas às regras sanitárias vigentes”, diz a nota, referindo-se à necessidade de uma decisão dos ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura para a recomendação entrar em vigor.

Empresas

Em nota, a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil) disse que recebeu com surpresa a recomendação da Anvisa, tendo em vista que os cerca de 300 casos positivos identificados a bordo representam 0,2% dos 130 mil passageiros e tripulantes embarcados desde o início da temporada, em novembro. 

“Esses casos, em sua grande maioria assintomáticos ou com sintomas leves, foram identificados, isolados e desembarcados de forma segura, conforme o protocolo vigente, assim como seus contatos próximos, representando pouca ou nenhuma carga para os recursos médicos de bordo ou em terra.”

Segundo a nota, as empresas têm demonstrado eficiência dos protocolos da indústria de cruzeiros, que foram desenvolvidos e aprovados em parceria com a Anvisa e com outros órgãos governamentais para minimizar a possibilidade de infecções. A associação ressalta que se trata de uma temporada 100% nacional, com hóspedes brasileiros, os mesmos que poderiam entrar nessas cidades por via terrestre ou aérea. 

Entre esses protocolos, segundo a entidade, está o teste diário de mais de 10% da tripulação e dos passageiros, além da obrigação de testes pré-embarque, vacinação completa obrigatória para hóspedes e tripulantes (elegíveis dentro do Plano Nacional de Imunização), menor ocupação no navio, uso de máscaras, preenchimento de formulário de saúde pessoal, plano de contingência com corpo médico e estrutura com recursos para atendimento dos hóspedes e tripulantes.

Segundo a associação, a temporada atual tem previsão de movimentar mais de 360 mil turistas, com impacto de R$ 1,7 bilhão, além da geração de 24 mil empregos. Estima-se, conforme estudo da Clia Brasil em parceria com a FGV, que cada navio gera em torno de R$ 350 milhões de impacto para a economia brasileira. 

De acordo com a associação, os dados mais recentes mostram que, mesmo com taxas de teste mais altas, a indústria de cruzeiros continua a atingir 33% menos casos de covid-19 nas embarcações do que em terra.