A polícia informou que a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) aguarda o laudo da perícia realizada nos fragmentos de ossos encontrados e que as investigações e buscas seguem em andamento.

Os meninos Lucas Matheus, de 8 anos, Alexandre Silva, de 10, e Fernando Henrique, 11 anos, desapareceram no dia 27 de dezembro, depois que saíram para brincar no campo de futebol ao lado do condomínio em que moravam, no bairro do Castelar, e não voltaram para casa.

Em março, o Ministério Público identificou as últimas imagens das crianças, feitas por câmeras de segurança na Rua Malopia, na Vila Medeiros, bairro vizinho ao que elas moravam. Nas imagens, os três aparecem andando juntos, tranquilamente, enquanto conversam de forma descontraída. A Polícia Civil criou uma força tarefa para investigar o desaparecimento apenas em abril.

Uma operação em maio prendeu 16 pessoas no bairro do Castelar, acusados de envolvimento com o tráfico de drogas e o roubo de cargas na região, que podem estar envolvidos no desaparecimento dos três meninos. Os presos são suspeitos também de torturar e expulsar uma família da cidade, com marido esposa e quatro filhos menores, que teriam acusado os traficantes do crime.

De acordo com o coordenador executivo do Fórum Grita Baixada, Adriano de Araújo, as investigações só estão ocorrendo por causa da pressão dos movimentos sociais em torno do caso.

“Se não fosse a pressão social de movimentos organizados e a insistência das famílias, acredito que sequer teríamos informações a respeito. Essa demora reflete a baixa importância dada na resolução de crimes contra a vida no Brasil, especialmente em territórios periféricos, pobres e negros, como a Baixada Fluminense”.

O Fórum é uma rede de organizações e pessoas da sociedade civil que defendem os direitos humanos, a justiça e uma política de segurança pública cidadã para a Baixada Fluminense. Araújo destaca que os desaparecimentos forçados são uma realidade presente na vida de dezenas de famílias da região e, ao mesmo tempo, pouco visibilizada.

“Nós estamos iniciando uma pesquisa a respeito, em parceria com a Federal Rural do [UFRRJ]. O desaparecimento de corpos têm sido usado por grupos criminosos, seja da milícia, seja de outros grupos associados ao comércio varejista de drogas, como uma estratégia de dominação de território e controle pelo terror”.

De acordo com ele, o Fórum está organizando o primeiro centro de atendimento psicossocial para mães e familiares de vítima de violência de Estado e de desaparecimentos forçados, em parceria com setores públicos, para fortalecer a rede de apoio local às famílias.