Colapso em Manaus: senadores apontam contradições na fala de Pazuello

A falta de oxigênio em Manaus (AM) no mês de janeiro gerou controvérsia na CPI da Pandemia. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ter em mãos um documento oficial do Ministério da Saúde que contraria a versão dada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello em seu depoimento. Aziz disse que o documento menciona que […]

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A falta de oxigênio em Manaus (AM) no mês de janeiro gerou controvérsia na CPI da Pandemia. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou ter em mãos um documento oficial do Ministério da Saúde que contraria a versão dada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello em seu depoimento. Aziz disse que o documento menciona que o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), teria alertado o Ministério da Saúde no dia 7 de janeiro a respeito da falta de oxigênio.

— Esse documento que foi uma resposta do Ministério da Saúde a um deputado federal. Não sou eu que estou inventando — afirmou Aziz.

Pazuello que o socorro do governo federal a Manaus foi a “maior operação logística da história” e começou a agir tão logo o problema surgiu. Além disso, insistiu só ter tomado conhecimento dos riscos de desabastecimento de oxigênio em Manaus na noite de 10 de janeiro e que a falta de cilindros no estado teria apenas durado três dias

Ele foi contestado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), o qual lembrou que a falta de oxigênio perdurou por mais de 20 dias. Braga lamentou a crise em Manaus e os 440 mil mortos por covid-19 no país.

— É preciso dizer ao povo brasileiro: não faltou oxigênio no Amazonas apenas três dias, pelo amor de Deus. Ministro Pazuello, pelo amor de Deus. Faltou oxigênio na cidade de Manaus mais de 20 dias. É só ver o número de mortos. É só ver o desespero das pessoas tentando chegar ao oxigênio. Nós tivemos pico de morte no dia 30 de janeiro. Sabe quando chegou a carga de oxigênio que o senhor mandou do Ministério da Saúde para Manaus? Do dia 24 para o dia 25 — disse Eduardo Braga.

Avião

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembrou que o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida, declarou em uma entrevista que a tese da imunidade do rebanho levou Manaus ao colapso. Em resposta à senadora, o ex-ministro disse não concordar com a  “imunidade de rebanho” pela transmissão do vírus.

Pazuello afirmou que teve uma conversa com o governo do estado no dia 7 de janeiro, mas negou que a falta de oxigênio tenha sido tratada na ocasião. Somente no dia 10, acrescentou o ex-ministro, o governo do Amazonas o informou da falta de oxigênio. Ao responder Eliziane, ele ainda negou que tenha chegado ao Ministério uma oferta oficial de oxigênio por parte dos Estados Unidos.

— Nós não mandamos apenas medicamentos para Manaus. Nós mandamos respiradores, nós mandamos concentradores de oxigênio, mandamos fábricas de oxigênio e mandamos medicamentos, mandamos vacinas — continuou Pazuello.

Ao ouvir o ex-ministro dizer que também não teria recebido oficialmente informação sobre o avião colocado à disposição pelo governo dos Estados Unidos para transportar cilindros de oxigênio até Manaus, Eliziane Gama apresentou documento do próprio Ministério da Saúde tratando a oferta do uso do avião norte-americano. Em seguida, Pazuello, depondo com um habeas corpus preventivo, recebeu orientação do representante da Advocacia-Geral da União (AGU) para que mantivesse silêncio sobre o assunto, que é objeto de inquérito.

Mais cedo, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse ser fundamental que o governador do Amazonas, Wilson Lima, também seja convocado para prestar esclarecimentos à CPI.

Suspensão

A reunião da CPI foi suspensa pouco depois das 16h para a ordem do dia em Plenário. Nesse intervalo, Pazuello teve um mal-estar, tendo sido socorrido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Em razão disso, o presidente da CPI, Omar Aziz, anunciou que o depoimento do ex-ministro será retomado nesta quinta-feira (20) às 9h30. Segundo Aziz, ainda há 23 senadores inscritos para fazer perguntas ao ex-ministro Pazuello.