Brasil e mais de 100 países vão buscar deter desmatamento até 2030

Países também se comprometeram em reverter cenário de desmatamento

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Países participam da Conferência do Clima
Países participam da Conferência do Clima

Mais de cem líderes mundiais se comprometerão nesta terça-feira, 2, durante a Conferência do Clima (COP-26), em Glasgow, a deter e reverter o desmatamento até 2030 com medidas apoiadas por US$ 19 bilhões de fundos públicos e privados, que serão investidos na proteção e restauração das florestas. O Brasil faz parte da lista.

“Países que abarcam dos bosques setentrionais do Canadá e da Rússia às florestas tropicais de Brasil, Colômbia, Indonésia e República Democrática do Congo vão apoiar a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre as florestas e o uso da terra”, antecipou em um comunicado na noite da segunda-feira o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.

Esses países reúnem 85% das florestas do mundo, uma superfície de mais de 33,6 milhões de km2, segundo o comunicado. “Teremos a chance de encerrar a longa história da humanidade como conquistadora da natureza e, ao invés disso, nos tornamos seus guardiões”, afirmou Johnson, que classificou o acordo como inédito.

Essas medidas serão apoiadas por um fundo de US$ 12 bilhões de dinheiro público, aportado por 12 países entre 2021 e 2025, além de US$ 7,2 bilhões de investimento privado de mais de 30 instituições financeiras mundiais. O dinheiro deve apoiar principalmente atividades em países em desenvolvimento, como a restauração de terras degradadas, a luta contra os incêndios florestais e a defesa dos direitos das comunidades indígenas.

Na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, já tinham anunciado a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2028 no Brasil. Antes, a data prevista era 2030.

“Nunca antes tantos líderes, de todas as regiões, representando todos os tipos de florestas, tinham unido forças desta maneira”, deve dizer no evento desta terça-feira o presidente da Colômbia, Iván Duque, segundo trecho antecipado pelos organizadores da COP-26.

A Colômbia se comprometerá a fixar uma meta de desmatamento zero até 2030 e ainda proteger 30% de seus recursos terrestres e oceânicos.

As florestas absorvem cerca de 30% das emissões de dióxido de carbono, de acordo com a ONG World Resource Institute (WRI). Mas, essa proteção natural climática está desaparecendo rapidamente. O planeta perdeu 258 mil quilômetros quadrados de florestas em 2020, de acordo com a iniciativa de acompanhamento do desmatamento do WRI, a Global Forest Watch. A área é maior do que o Reino Unido.

O anúncio desta terça-feira, porém, não foi recebido por grupos ambientalistas como o Greenpeace. “A Amazônia já está no limite e não poderá sobreviver a mais anos de desmatamento. Os povos indígenas pedem que se protejam 80% da Amazônia até 2025, e têm razão, é do que se necessita. O clima e o mundo natural não podem se permitir este acordo”, criticou Carolina Pasquali, diretora-executiva do Greenpeace Brasil.

Conteúdos relacionados

lula