Opas diz que continua a apoiar Brasil, que receberá vacinas para coronavírus
O comando da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi questionado nesta terça-feira, 9, sobre ameaças recentes do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de deixar a OMS e se isso poderia significar que a população local enfrentaria mais dificuldades para conseguir uma futura vacina para o novo coronavírus. […]
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O comando da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi questionado nesta terça-feira, 9, sobre ameaças recentes do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de deixar a OMS e se isso poderia significar que a população local enfrentaria mais dificuldades para conseguir uma futura vacina para o novo coronavírus. “Não vamos permitir que vacinas ou medicamentos novos não cheguem ao Brasil”, garantiu Marcos Espinal, gerente de Vigilância à Saúde e Controle e Prevenção de Enfermidades da Opas, durante entrevista coletiva.
Espinal lembrou que o Brasil tem “uma longa tradição de cooperação com a OMS e a Opas”, como um “tremendo ator”, com “grande tradição de solidariedade e pan-americanismo”, lembrando ainda que o País faz fronteira com dez nações.
“A organização estará pronta para continuar a apoiar o Brasil”, afirmou a autoridade da Opas.
Segundo Espinal, a Opas tem mantido a cooperação com o País, ao facilitar a compra de milhões de testes e, por exemplo, ajudar no treinamento do pessoal de saúde em Manaus.
O gerente da Opas ainda elogiou o Sistema Único de Saúde do país, considerando-o “único, uma joia, muito baseado na atenção primária”. Para Espinal, como a epidemia deve ter desenvolvimentos de “longo prazo”, o SUS “será vital” nesse contexto.
Amazonas
Diretor-assistente da Opas, Jarbas Barbosa afirmou que o Estado do Amazonas tem uma taxa de mortalidade “quase oito vezes superior à do Peru”, na pandemia da covid-19. A declaração foi feita durante entrevista coletiva da entidade, na qual houve uma questão sobre as diferenças na estratégia de combate à doença no Peru e no Brasil.
Barbosa disse que a premissa de que o Brasil não fez nada para conter a doença e o Peru adotou medidas mais agressivas não seria correta, lembrando que os Estados do País adotaram medidas para conter a circulação do vírus. “No Brasil essa decisão recai sobre os governos (estaduais) e quase todos os Estados adotaram diferentes medidas para reduzir a transmissão”, afirmou, citando como exemplos quarentenas, medidas de distanciamento social e alternativas mais restritas (lockdowns).
No caso do Peru, ele afirmou que foram adotadas “medidas muito importantes”, inclusive de apoio econômico, o que também ocorreu no Brasil e em outras nações da região, lembrou. “É muito importante garantir que a população será apoiada, se quisermos que ela apoie e vá aderir a medidas para ficar em casa.”
Barbosa concordou que a taxa de mortalidade no Peru e no Brasil de fato são similares. Mas se olhamos para o Amazonas, por exemplo, vemos que a taxa de mortalidade ali é quase oito vezes superior ao do país andino, destacou, lembrando que a realidade é muitas vezes diversa dentro de cada nação. “Por isso acho que é preciso uma análise mais aprofundada para fazer essa comparação”, advertiu.
A autoridade da Opas lembrou ainda que a América Latina tem grande parcela de economia informal, em sociedades desiguais e com muita pobreza. Nesse quadro, com vários países começando a reabrir suas economias, é preciso ter muita cautela, para garantir que a transmissão siga controlada e monitorar com cuidado os números da doença e a taxa de lotação das UTIs hospitalares.
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