Mortes por suspeita de consumo de cerveja contaminada chegam a seis

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) divulgou hoje (3) boletim atualizando para seis o número de mortos que podem ter se intoxicado por dietilenoglicol. A suspeita é de que as vítimas tenham ingerido a substância ao consumir cervejas da marca Backer. Até sexta-feira (31), quando foi divulgado o último boletim, quatro […]

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Reuters/Direitos Reservados
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A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) divulgou hoje (3) boletim atualizando para seis o número de mortos que podem ter se intoxicado por dietilenoglicol. A suspeita é de que as vítimas tenham ingerido a substância ao consumir cervejas da marca Backer.

Até sexta-feira (31), quando foi divulgado o último boletim, quatro mortes estavam confirmadas. Das duas novas vítimas, apenas uma teve a identidade revelada. Trata-se do juiz João Roberto Borges, de 74 anos, cujo falecimento já havia sido informado oficialmente nesta manhã pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG), onde ele trabalhava.

Por enquanto, só houve confirmação laboratorial da intoxicação por dietilenoglicol em uma morte: a vítima era um homem que morreu em 7 de janeiro. Os outros casos que resultaram em óbito ainda estão sendo examinados e são tratados oficialmente como suspeitos. No entanto, todos estão associados a sinais e sintomas compatíveis com o quadro de intoxicação por dietilenoglicol. Além dos seis casos que resultaram em mortes, há 21 suspeitos e três com confirmação laboratorial. São 30 casos ao todo, dos quais 26 em pacientes do sexo masculino e quatro do sexo feminino.

As ocorrências ganharam notoriedade na primeira semana de janeiro, quando houve uma busca por serviço médico de pacientes relatando náusea, vômito e dor abdominal. Em alguns casos, houve rápida evolução para um quadro de insuficiência renal e alterações neurológicas, como paralisia facial e borramento visual.

Nas redes sociais de moradores de Belo Horizonte, começaram a circular mensagens associando o problema de saúde ao consumo da cerveja Belorizontina, um dos rótulos produzidos pela Backer. A empresa chegou a afirmar que se tratava de informação inverídica e ameaçou entrar com ação judicial contra os responsáveis por sua disseminação. No entanto, em 9 de janeiro, a Polícia Civil encontrou amostras de dietilenoglicol em dois lotes da Belorizontina. Quatro dias depois, foi identificado o terceiro lote contaminado.

A Backer nega o uso da substância em sua produção e diz que colabora com as investigações. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, já se confirmou a contaminação em 41 lotes de 10 rótulos distintos da cervejaria. A pasta interditou preventivamente a fábrica em 10 de janeiro. A comercialização de todos os produtos da Backer está suspensa.

O dietilenoglicol costuma ser usado em sistemas de refrigeração, devido a suas propriedades anticongelantes. Sua toxidade é conhecida desde 1937, quando foi incluído na fórmula de um xarope e levou mais de 100 pessoas à morte nos Estados Unidos. O químico responsável pelo produto, Harold Watkins, acabou se suicidando. O episódio acabou contribuindo para que a Congresso norte-americano aprovasse uma lei dando autoridade para a Food and Drug Administration (FDA) fiscalizar de forma mais rígida os processos de produção de alimentos, medicamentos e cosméticos.Casos de intoxicação já foram relatados em outros países, como África do Sul, China, Espanha e Nigéria. Este último registrou o episódio mais recente: em 2008 o dietilenoglicol matou 84 crianças nigerianas. As investigações revelaram que todas elas consumiram um medicamento chamado My Pikin Baby, contaminado com a substância.

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