Lula afirma que errou ao proteger Cesare Battisti

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu desculpas à esquerda italiana por ter concedido refúgio ao italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por assassinatos na década de 1970 Em entrevista ao canal do YouTube TV Democracia, Lula disse que tanto ele quanto outras personalidades brasileiras que defenderam o refúgio foram enganados por Battisti. “A […]

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu desculpas à esquerda italiana por ter concedido refúgio ao italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por assassinatos na década de 1970 Em entrevista ao canal do YouTube TV Democracia, Lula disse que tanto ele quanto outras personalidades brasileiras que defenderam o refúgio foram enganados por Battisti.

“A base da verdade na política é não prejudicar os amigos. Se cometeu um crime, o advogado vai defender. Então eu, como todo mundo que acreditou no Cesare Battisti aqui no Brasil, fiquei frustrado. Eu não teria nenhum problema de pedir desculpas à esquerda italiana por ele ter enganado muita gente no Brasil. Se nós cometemos este erro, pedimos desculpa”, disse o ex-presidente.

Lula assinou o decreto que concedeu asilo a Battisti em seu último dia de governo, em 2010. O italiano foi condenado à prisão perpétua pelos assassinatos de quatro pessoas quando militava no grupo Proletários Armados pelo Comunismo, e o governo da Itália pedia sua extradição. No Brasil, Battisti sempre negou a participação nos crimes. “Não matei ninguém. Tanto que me acusam de um homicídio que aconteceu quando eu não estava mais na Itália”, disse ele em entrevista ao Estadão em outubro de 2017.

Battisti foi preso na fronteira com a Bolívia sob suspeita de tentar fugir em janeiro de 2019 e foi entregue às autoridades italianas. Na Itália, ele confessou os crimes e pediu desculpas às famílias das vítimas.

Na entrevista à TV Democracia, Lula creditou a decisão de conceder asilo a Battisti ao então ministro da Justiça, Tarso Genro, e disse que vários setores da esquerda brasileira defendiam a inocência do italiano e que isso gerou atritos com aliados na Itália. “O Tarso Genro, quando tomou a decisão, acreditava que ele fosse inocente. Ele me disse que não dava para mandar embora porque o Battisti poderia ser detonado na Itália e era inocente. Toda a esquerda brasileira, companheiros como Eduardo Suplicy, vários partidos, e muitas personalidades defendiam que ele ficasse aqui. Eu mantive ele aqui porque o meu ministro entendia que ele era inocente”, disse o ex-presidente.

Segundo Lula, a confissão dos crimes na Itália o deixou frustrado. “Quando ele foi preso e confessou, houve uma frustração para mim porque ele comprometeu um governo que tinha uma relação extraordinária com toda a esquerda europeia e não poderia ter mentido para quem pelo menos estava querendo acreditar nele”, afirmou o petista.

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