Em entrevista concedida nesta quinta-feira (29) na Expointer, em Esteio (RS), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, , comentou a decisão de importadores de suspender a compra de couro brasileiro. Segundo a ministra o setor é sustentável e tem muito a informar às empresas importadoras.

“Essa suspensão não foi uma suspensão definitiva. Temos que ter muito cuidado. O setor de couros do Brasil é sustentável e tem muito ainda a informar a essas indústrias. Neste momento, é melhor ter cautela. Primeiro, saber o que eles querem de informação, que a gente possa passar para eles e a gente possa resolver esse problema da melhor forma possível”, disse a ministra.

Ontem (28) à noite, a VF Corporation, empresa responsável por marcas como Timberland, The North Face, Kipling e Vans, informou que decidiu não continuar comprando couro diretamente do Brasil, em meio a dúvidas de que materiais usados na fabricação dos produtos estivessem relacionados a danos ambientais no país, como as queimadas na Amazônia. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Repercussão

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) repudiou, em nota, a decisão de importadores. Segundo a entidade, são “injustas e equivocadas as tentativas de se vincular a exportação de produtos industriais brasileiros às queimadas na Amazônia”. Para a CNI, essa decisão e outros fatos recentes, como o questionamento de empresários chineses sobre a sustentalidade dos produtos brasileiros e a ameça de alguns líderes europeus, como presidente da França, Emannuel Macron, de dificultar a aprovação do acordo comercial Mercosul-União Europeia, “demonstram no mínimo desinformação sobre a responsabilidade ambiental da indústria brasileira”.

“A Amazônia é um patrimônio de fundamental importância para o Brasil, sobretudo pela sua megadiversidade biológica, que abriga 20% do total de espécies de plantas e animais do planeta. Trata-se de uma riqueza potencial para ser desenvolvida e a indústria nacional é uma das principais interessadas no seu uso sustentável”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

A CNI lembra ainda que o Brasil é responsável por 2% das emissões globais de CO2, ocupando a sexta posição entre os países signatários do Acordo de Paris. Em primeiro lugar aparece a China, com 26% das emissões, seguida dos Estados Unidos, com 14%, e da União Europeia, com quase 10%.

“O último relatório da ONU Meio Ambiente, Emission Gap Report 2018, mostra que o Brasil, juntamente com China e Japão, são os países que estão no caminho para cumprir as metas do Acordo. O Brasil se comprometeu a reduzir em 37% suas emissões até 2025. Nos últimos 15 anos, o Brasil investiu US$ 32 bilhões em projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa, o que resultou na redução de emissões de 124 milhões de toneladas de CO² na atmosfera. Segundo Robson Andrade, deste total, 47% ocorreram devido a projetos realizados pela indústria brasileira”, diz a entidade.

A CNI ainda ressalta que as energias renováveis compõem 80% da matriz energética brasileira, “um valor quase quatro vezes maior do que os países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), atualmente em 23%”.