Presidente da Vale e 3 diretores devem deixar empresa um mês após tragédia de Brumadinho

O presidente da Vale, Fábio Scharvtsman, e outros três diretores devem deixar a empresa oficialmente nas próximas horas. A mudança, dada como inevitável desde o rompimento da barragem de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), que deixou mais de 300 mortos, ganhou ritmo na sexta-feira (1º), quando integrantes da força-tarefa que investiga a tragédia […]

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O presidente da Vale, Fábio Scharvtsman, e outros três diretores devem deixar a empresa oficialmente nas próximas horas. A mudança, dada como inevitável desde o rompimento da barragem de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), que deixou mais de 300 mortos, ganhou ritmo na sexta-feira (1º), quando integrantes da força-tarefa que investiga a tragédia pediram o afastamento de Scharvtsman e dos diretores executivos de ferrosos e carvão, Peter Poppinga, de planejamento, Lúcio Flávio Gallon Cavalli, e de operações do corredor sudeste, Silmar Magalhães Silva.

A Vale não confirmou a informação, publicada inicialmente pela coluna Radar, da Veja, mas o Broadcast apurou que um grupo importante entre os acionistas controladores já dava como certa a saída de Scharvtsman desde o acidente.

O executivo, que foi recrutado no mercado, mas teve seu nome associado ao deputado Aécio Neves (PSDB) no episódio da delação premiada dos empresários Joesley Batista, estava sendo sustentado pela Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), maior acionista da Vale.

A pressão dos integrantes da força-tarefa foi motivada pela ação de executivos da empresa com empregados, o que estaria, segundo eles, atrapalhando as investigações. Além disso, a divulgação pela empresa do acordo para pagamento do auxílio emergencial para os atingidos como uma iniciativa da empresa causou forte desconforto. De acordo com o promotor de Justiça do MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais), André Sperling, a empresa pretendia pagar o auxílio apenas aos moradores das duas localidades mais atingidas – Parque da Cachoeira e de Córrego do Feijão -, mas foi obrigada a estender a indenização para todos os moradores de Brumadinho.

“Não foi bem uma questão de aceitação da Vale. A Vale viu-se compelida a fazer isso. Ela queria (pagar para os moradores) Parque da Cachoeira e Córrego do Feijão”, disse o procurador.

Com a saída do grupo, a Vale deve ser conduzida, interinamente, pelos diretores remanescentes, sob o comando interino do diretor-executivo de Metais Básicos, Eduardo Bartolomeo. Fontes ouvidas pelo Broadcast dizem que não há nenhuma movimentação no mercado, nesse momento, em busca de um substituto.

A mudança definitiva só deve ocorrer em abril, após a AGO (Assembleia Geral Ordinária) de acionistas, quando também são esperadas mudanças no conselho de administração, com a redução do peso da Previ, que hoje ocupa quatro assentos no conselho e o aumento da presença de conselheiros mais ligados ao setor de mineração.

Até agora, a Vale não se pronunciou oficialmente. Por conta do Carnaval, os mercados brasileiros estarão fechados até quarta-feira de manhã, mas o mercado americano, onde são negociadas mais de 70% das ações da Vale na forma de ADRs (American Depositary Receipts) reabre na segunda-feira (4), o que obriga a empresa a se posicionar amanhã.

Na última semana, com a perda do grau de investimento pela agência Moody’s, a situação da mineradora também começou a causar apreensão entre investidores brasileiros. Desde o acidente, analistas de casas estrangeiras observavam o descolamento das expectativas de investidores dos investidores domésticos, que pareciam mais otimistas.

Um segundo rebaixamento, que pode vir da S&P, pode obrigar muitos fundos estrangeiros a se desfazerem de suas posições em ações da empresa, pressionando negativamente o papel, que já perdeu cerca 25% de seu valor desde 25 de janeiro, quando aconteceu a tragédia.

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