Adquiridos com quantias vultosas

Interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça mostram como os religiosos presos nesta segunda-feira (19), no âmbito da Operação Caifás, investiam o dinheiro supostamente desviado do dízimo dos fiéis. Bens, como uma casa lotérica em Posse, em Goiás, foram adquiridos com quantias vultosas.Segundo MP, padre é sócio oculto de lotérica comprada por R$ 450 mil

O estabelecimento teria sido comprado pelo padre Moacyr Santana com recursos desviados da paróquia de Planaltina de Goiás, ao custo de R$ 450 mil. “A lotérica foi colocada em nome dos laranjas Pedro e Rubinho, permanecendo o padre como sócio oculto do negócio”, diz trecho do documento que embasou o pedido de prisão, busca e apreensão feito pelo Ministério Público (MP) à Justiça.

O MP se refere a Antônio Rubens Ferreira e Pedro Henrique Costa Augusto, que também foram presos temporariamente nesta segunda, junto com o padre Moacyr. O pedido aponta ainda que o dinheiro foi desviado em 2015 e, de forma desconhecida, o religioso se apropriou da quantia.

O contador teria orientado o padre a produzir um documento ideologicamente falso, no qual declarava que tais valores, na realidade, não existiam. As conversas também incluem o monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, de Planaltina de Goiás, que também está entre os presos.

Durante a operação, o MP e a Polícia Civil do estado encontraram na casa de Epitácio R$ 70 mil escondidos no fundo falso de um armário. O dinheiro, segundo os investigadores, pode ter sido desviado de dízimos pagos por fiéis da Igreja Católica.

O bispo de Formosa, dom José Ronaldo, também foi colocado atrás das grades. As investigações começaram após o Ministério Público ter recebido denúncias de fiéis que desconfiaram dos desvios. Entre as suspeitas, estava o fato de as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, terem passado de R$ 3 mil para R$ 50 mil desde que dom José Ronaldo assumiu o posto.