A Federação Única dos Petroleiros (FUP) manterá a greve de 72 horas a partir desta quarta-feira (30), apesar de a justiça emitir uma decisão qualificando a paralisação de “aparentemente abusiva”, sob o risco de pesadas multas.

“A greve está de pé. Os sindicatos ainda não foram notificados e não têm conhecimento do conteúdo desta decisão judicial”, declarou nesta terça-feira Cibele Vieira, diretora nacional da FUP, apenas algumas horas antes do início da greve.

O Tribunal Superior do Trabalho decretou que “é potencialmente grave o dano que a eventual greve da categoria dos petroleiros causará à população brasileira”, e decidiu impor uma multa aos sindicatos de 500 mil reais por dia de paralisação.

A FUP exige a diminuição dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, o fim da venda de ativos da Petrobras e a renúncia do presidente da estatal, Pedro Parente.

Também repudia qualquer eventual tentativa de privatização da Petrobras e pede “a preservação de empregos, o reinício da produção nas refinarias e o fim das importações de derivados do petróleo”.

“A atual política de reajuste dos derivados do petróleo, que fez os preços dos combustíveis dispararem, é reflexo direto do maior desmonte da história da Petrobras. Os culpados pelo caos são Pedro Parente e Michel Temer”, declara um comunicado da FUP.

Os petroleiros sustentam que se trata de uma paralisação “de advertência”, alinhada em uma agenda de ações que derivará em uma greve por tempo indeterminado.

Diversas centrais sindicais como CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB manifestaram nesta terça-feira o seu apoio.

“Entendemos que as reivindicações dos petroleiros são justas e apontam para a necessidade de protegermos a Petrobras da especulação financeira e da venda para multinacionais”, assinala o comunicado.

O anúncio não pareceu amedrontar os investidores, que nesta terça compraram maciçamente ações da Petrobras, ressarcindo parcialmente, com uma alta de 14%, as perdas da última semana.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, descartou a saída de Parente, a quem chamou de “gestor eficaz e eficiente”.

Parente assumiu a presidência da Petrobras em 2016, após o grupo se tornar o centro do extenso esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato.

Parente centrou a sua gestão no restabelecimento das finanças e da credibilidade da empresa. Para isso, recorreu a uma “transparência” de preços, ajustando as tarifas diariamente em função das cotações do mercado internacional.

Foi precisamente essa política que levou os caminhoneiros a bloquear estradas e paralisar o país: devido à disparada dos preços do diesel.

Para restabelecer as contas, a Petrobras também lançou uma venda em massa de ativos considerados não essenciais pela empresa.

A estatal fechou 2017 com perdas líquidas de 446 milhões de reais, em seu quarto exercício anual negativo consecutivo. Mas o vermelho foi explicado principalmente pelo pagamento de uma multa de 2,950 bilhões de dólares nos Estados Unidos para encerrar litígios com credores prejudicados pelo escândalo de corrupção.

 

AFP