Gaúcha vai ao STJ para ter de volta carro e bens doados à Universal
Mulher alega ter feito doação de “Fogueira Santa” com medo de maldição
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Mulher alega ter feito doação de “Fogueira Santa” com medo de maldição
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou um recurso da Igreja Universal do Reino de Deus na semana passada e determinou que a congregação deve pagar uma indenização de R$ 20 mil a uma fiel que doou todos seus itens à igreja.
O caso aconteceu em Lageado, pequena cidade do Rio Grande do Sul. A gaúcha Carla Dalvitt contou à BBC Brasil que, vivendo com problemas financeiros, buscou a Universal a fim de encontrar apoio e a ajuda de Deus.
Ela conta que começou a frequentar a igreja depois de ver pastores falando na televisão. “Eram mensagens positivas, de esperança, prosperidade. Tinha muitos depoimentos de gente que tinha saído da crise, gente que dizia que devia à igreja tudo que tinha”, diz Carla.
Mas o que era uma promessa de esperança se tornou um pesadelo. Carla conta que começou a frequentar os cultos e, além de pagar o dízimo mensal, prometeu que iria participar de uma “Fogueira Santa”, evento em que os fiéis doavam carros, casas e bens de maior poder aquisitivo.
Ela fez a promessa e diz que pensou em desistir, mas que tinha medo do que os pastores diziam. “Eles sempre falavam que tinha maldição para quem prometeu e não doou, que a pessoa ia ser amaldiçoada”, conta à BBC.
A gaúcha seguiu em frente e vendeu o carro que tinha para dar o dinheiro à Universal, e mais: doou um colchão, um computador, dois aparelhos de ar condicionado que vendia em sua loja, joias, um fax, uma impressora e alguns móveis de cozinha novos em folha.
Devolução foi parar na Justiça
Carla doou tudo escondida da família. Quando seu marido soube, ela disse que acordou para o que tinha feito. “Era como se eu tivesse sofrido uma lavagem cerebral. Como se tivesse uma nuvem preta sobre minha cabeça e, quando meu marido conversou comigo, ela foi embora”, diz.
Mas ao tentarem recuperar os bens, os dois começaram a ter mais dores de cabeça. No mesmo dia da doação, Carla conseguiu recuperar colchão, fogão e alguns itens de cozinha, mas o restante não foi devolvido. “A gente implorou, insistiu muito, mas eles disseram que não iam devolver”.
O caso foi parar na Justiça. Carla pediu a devolução em uma ação judicial, que foi acolhida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Entretanto, a Universal entrou com recurso, alegando que não é possível comprovar que os bens foram doados pela gaúcha.
O STJ negou o recurso da Igreja, porém da decisão do Tribunal superior cabe mais um recurso. Agora, Carla segue a vida tentando recuperar o que perdeu. “Quem abriu meus olhos foi o meu marido. Ele me disse que Deus não ia colocar maldição em ninguém, que Deus não faz isso. E ele tem razão”.
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